A Psicologia solucionando crimes: Perfil criminal geográfico de assassinos em série

Abstract

A Psicologia Investigativa, ramo da Psicologia Jurídica, busca analisar o comportamento criminoso realizando a formulação de perfis criminais (profiling), com vistas a facilitar a captura de criminosos. Uma das concepções mais famosas dessa abordagem da psicologia é o assassino em série, segundo Douglas (1986), um homicida que matou três pessoas em três momentos diferentes. Uma técnica que vem ganhando espaço na investigação criminal é o Perfil Criminal Geográfico ou geographical profiling, que busca prever o local da base do criminoso de acordo com suas ações criminosas e principalmente os locais do crime. Essa pesquisa, portanto, teve por objetivo aplicar tal técnica nos casos de assassinos em série como forma de avaliar sua eficácia em nossa cultura e também disseminar o uso da psicologia investigativa nas investigações policiais. Para a coleta de dados foram usados os arquivos da 2ª Delegacia Regional de Polícia Civil, situada na cidade de Campina Grande, no Estado da Paraíba, Nordeste do Brasil. Foram encontrados 15 assassinos em série atuando nesta cidade entre junho de 2009 e junho de 2015, somando um total de 65 homicídios cometidos pelos mesmos. Ao estabelecer os perfis dos assassinos em série e de suas vítimas foi percebida sua similaridade: homens adultos jovens, de etnia parda, baixa instrução e profissão não técnica (não é necessário nenhum treino específico e formal para a atuação). Ainda foi descoberto que as principais motivações estavam em volta do tráfico de drogas, que os ofensores usaram de arma de fogo para assassinar suas vítimas em quase todos os casos e em geral atuavam em duplas usando uma motocicleta. No tocante à técnica do Perfil Criminal Geógrafico em si, a pesquisa teve resultados que corroboram com os achados internacionais, dentre eles: o fato de ofensores viajarem mais longe à medida que cometem mais crimes, dessa forma, o primeiro homicídio da série era realizado mais próximos da base do ofensor que o último; a relação entre a confiança e a distância percorrida; ofensores com mais recursos, competência criminal e instrução percorrerem maiores distâncias. A Teoria do Círculo e o uso do Dragnet também foram verificados nessa pesquisa, mostrando que a maioria dos ofensores atuam no modelo marauder, e o programa conseguiu predizer corretamente a área onde a base do ofensor se encontra em 66.7% dos casos. Dessa forma, esta pesquisa foi capaz de mostrar a eficácia do Perfil Criminal Geográfico e do Dragnet em predizer de forma científica a base dos ofensores em série sendo uma ferramenta eficaz que deve ser instaurada nas investigações policias.