As (des)ordens do amor: Imaginário, simbólico e real

Abstract

O amor se faz presente na psicanálise, desde sua fundação, com a descoberta freudiana do amor de transferência, condição fundamental para que um tratamento possa começar e sustentar o desejo de cada sujeito saber sobre a verdade de seu sintoma. Na evolução dos conceitos psicanalíticos, no texto “O mal-estar na cultura”, Freud defende a tese que a felicidade é a maior busca humana, sendo o amor um dos meios mais utilizados para atingir esse alvo. Lacan amplia a premissa freudiana para o aforismo: “amar é dar o que não se tem”, apontando assim a impossibilidade do encontro e da completude humana tão preconizada pela ideia romantizada do amor ocidental. Este estudo discute à luz da psicanálise, em Freud e Lacan, o tema do amor e a posição humana frente ao amar e ser amado, considerando a incessante busca humana pelo objeto obturador da falta. Utiliza-se como método a revisão bibliográfica, além de textos psicanalíticos, textos que tratam do ponto de vista filosófico, e sociológico da “liquidez” e da efemeridade do amor na contemporaneidade, corroborando ainda mais com as dificuldades das formações dos laços afetivos na modernidade. Conclui-se que o amor é um afeto que circula entre as ordens imaginária, simbólica e real, e que pode fazer laço e sustentar em alguma medida as insatisfações humanas, mas sempre posto como objeto causa de desejo e não como objeto que preenche e paralisa o circuito pulsional desejante.