Autismo e psicanálise: Qual o lugar que o autista pode ocupar no olhar do outro?

Abstract

O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, apesar de antigo e complexo, está sendo cada vez mais frequente no campo da psiquiatria infantil. No entanto, suas definições epistemológicas e nosográficas passam por constantes modificações, incitando um acirrado debate entre os mais diversos campos teóricos. A psicanálise comparece nessa discussão teórica apostando na perspectiva de priorizar a singularidade do um, acolhendo o sujeito para além das marcas que ele leva em seu diagnóstico. O presente artigo origina-se do recorte de uma pesquisa de cunho qualitativo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) intitulada “Diagnóstico do espectro autista: qual o parecer do par parental?”, realizada no CAPSi – Intervenção Precoce, Campina Grande- PB, e tem como objetivo, à luz da teoria e ética psicanalítica de orientação Lacaniana, analisar qual o lugar do sujeito autista no olhar do Outro a partir do discurso do par genitor/responsável. Para tanto, foram entrevistados 14 pais/responsáveis de crianças atendidas pelo CAPSi, com diagnóstico de autismo. Assim sendo, constatou-se nos resultados que apesar de a subjetividade do autista ser excluída pelo Outro, esse sujeito demonstra que pode fazer escolhas e que, a todo momento, se faz existir como tal.