A atuação da psicanálise junto a pacientes com paralisia cerebral: Uma clínica possível

Abstract

A atuação com sujeitos diagnosticados com paralisia cerebral tende a estar voltada para um viés educativo, comportamental e motor, principalmente porque tem-se colocado as dificuldades físicas como questão chave a ser observada. A psicanálise, que, desde seus primórdios, busca dar lugar ao sujeito do inconsciente, reforçando que o ser humano nunca é apenas um corpo biológico, tenta fazer uma clínica voltada para esse sujeito que a ela chega e que é sempre Um. Este trabalho, com o intuito de alcançar também o sujeito, objetivou investigar a participação do enfoque psicanalítico no olhar para com esses pacientes, pensando em como tem sido a práxis com eles. A amostra é constituída por seis psicólogos da APAE – Campina Grande - PB, com estes tendo sido utilizada a entrevista semiestruturada. A análise das mesmas foi realizada a partir do método proposto por Bardin (2011), o qual objetiva a análise de conteúdo. No trabalho em apreço foi constatado que os profissionais que atendem a esse público, mesmo possuindo formação acadêmica voltada para a psicanálise, em geral não levam isso em consideração. A prática clínica com tais pessoas deve, contudo, obedecer à ideia de que o importante, no atendimento às suas demandas, é acolher, primeiro, suas subjetividades e não o diagnóstico de seus quadros clínicos, entendendo que, apesar da demanda de tratamento poder vir de terceiros, é possível fazer com que esses sujeitos também demandem, devendo, para isso, ser escutados.