As interfaces do capitalismo em Grandes Esperanças

Abstract

O presente artigo busca compreender como a personalidade do narrador Pip muda à medida que ele ascende socialmente, evidenciando a crítica político-social de Charles Dickens, em sua obra Grandes Esperanças. Esta análise será realizada por meio das percepções e observações feitas pelo narrador-protagonista através do contato dele com pessoas que cobiçam apenas riquezas e como este fato conseguiu moldar a personalidade de um garoto residente na zona rural da Inglaterra. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa de cunho bibliográfico, a qual se valeu das contribuições de autores tais como, Catani (1981), Chiappini (1985), Friedman (2002), Gancho (2002) Pellegrini (2007), Puglia (2008), entre outros. Ao longo da narrativa, observa-se que o narrador-protagonista começa a conhecer o que o mundo capitalista pode oferecer e deslumbra-se com o mesmo, criando expectativas sobre um futuro próspero, o qual lhe trará grandes conquistas e posses. Essas expectativas viram realidade, em parte; mas, por outro lado, o jovem deixa para trás seus amigos e família, tratando-os como inferiores, usando-os para seus próprios interesses. Embora perceba essa mudança drástica de sua personalidade, o rapaz nada faz sobre isso, pois a satisfação de ser um nobre de Londres está acima de qualquer vínculo afetivo. Compreendendo tarde demais que, na verdade, não é possuidor de nada daquilo que tanto se orgulhava, e muito menos era dono do amor de Estella, a menina por quem se apaixona ainda criança, a responsável por fazê-lo sonhador e por perder-se em suas esperanças.