Entre o prazer e o sofrimento: uma análise das vivências subjetivas dos professores da Zona Rural do Município de Monteiro - PB

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo principal analisar as inter-relações do processo de trabalho, a produção de subjetividades e a saúde mental dos professores do ensino fundamental que atuam na zona rural da rede pública municipal de Monteiro-PB. Como aporte teórico utilizamos a abordagem da Psicodinâmica do Trabalho de Christophe Dejours (1994). Recorremos também aos estudos de Canguilhem (2006), acerca da saúde do ser humano, e de Mary Yale Neves (1999) que realizou estudos sobre a relação saúde mental e trabalho docente. A Psicodinâmica do Trabalho coloca a normalidade, e não a doença, como objeto central de investigação. Dessa forma Dejours analisa como em determinadas circunstâncias de pressão no trabalho, o trabalhador permanece saudável e ativo, destacando, nesse processo, a importância dos mecanismos de defesas individuais e coletivas que os trabalhadores criam como forma de se protegerem do sofrimento produzidos pelas situações de trabalho. Como instrumento metodológico, utilizamos entrevistas individuais de caráter semi-estruturado. Participaram da pesquisa 11(onze) professores do ensino fundamental de 4 (quatro) escolas da zona rural do município de Monteiro. Em nossas análises, percebemos as seguintes fontes de sofrimento e desgaste no trabalho dos professores: precarização do trabalho; desinteresse dos alunos em sala de aula; indisciplina; falta de participação dos pais na formação educacional dos filhos; desvalorização do salário; sobrecarga de trabalho e o deslocamento para a zona rural, devido à distância e às péssimas condições das estradas principalmente em época de chuva. Embora os depoimentos dos professores tenham apontado os problemas oriundos da organização e condições de trabalho que produzem sofrimento psíquico, nosso estudo também identificou as fontes de prazer no exercício do magistério, dentre as quais podemos destacar: o reconhecimento do trabalho docente pelos alunos e pais; as atividades de ensino e a evolução dos alunos no processo de escolarização que acabam repercutindo na subjetividade do professor dando sentido ao trabalho que exerce em seu cotidiano.