Enrolados: Uma trama de significantes e resignificações pela via do lúdico e contação de histórias

Abstract

Desde o período da colonização, a infância no Brasil é marcada pela violência e maus tratos. Desse modo, orfanatos, casas de misericórdias, escolas profissionalizantes, reformatórios, asilos e creches buscaram atender de forma assistencial toda essa conjuntura. No período de 1990 com a promulgação do ECA, todas as crianças, sem quaisquer distinção, tornaram-se sujeito de direitos. Dentre as medidas assistenciais ofertadas pelo estado estão as instituições de acolhimento, sendo estas, classificadas como uma medida de alta complexidade. Diante desse contexto e das problemátic as de violação de direitos sociais, as dificuldades vivenciadas pelas famílias, bem como a desarticulação entre as políticas públicas e a aniquilação do lugar de sujeito na dinâmica funcional das instituições; dificuldades essas vivenciadas pelas crianças acolhidas, faz- se essencial uma intervenção para que essas crianças superem tais dificuldades que as levaram a ser tutela provisória do estado. Com base na parceria entre a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e uma instituição de acolhimento do município de Campina Grande-PB, foi realizado um projeto Infanto/Juvenil com meninas em casa de acolhimento institucional com o objetivo de ofertar um espaço de escuta, manejo e acolhimento das demandas subjetivas dessas meninas que encontram-se desamparadas e acolhidas sob tutela estatal. O presente estudo trata da análise de um recorte de um período de realização do referido projeto. Tanto o manejo quanto as análises realizadas a partir dos recortes das oficinas, foram fundamentados nos referências teóricos da Psicanálise em Freud e Lacan; tomando-se como base o aforismo: “O inconsciente estruturado como linguagem”, bem como os significantes presentes nos discursos das meninas, apostava-se em um saber fazer, pela via do brincar, daquilo que era fonte causa de angústia; de modo a ofertar um lugar para a singularidade e produção subjetiva.