Estrutura e composição das comunidades zooplanctônicas em estuários hipersalinos do semiárido brasileiro

Abstract

Os padrões de distribuição, bem como medidas de diversidade biológica dos organismos aquáticos tendem a variar de acordo com as flutuações das variáveis ambientais. Embora a salinidade seja um fator estressante, em estuários hipersalinos as funções de berçário e viveiro não são alteradas, sugerindo que a interação com outros fatores ambientais que não apenas a elevada concentração de sais esteja influenciando na estrutura das comunidades zooplanctônicas locais. Logo, o objetivo deste estudo foi determinar quais parâmetros ambientais atuam estruturando a comunidade zooplânctônica ao longo do canal principal do s estuários hipersalinos do rio Tubarão e do rio Casqueira, Macau, Rio Grande do Norte, avaliando o padrão de distribuição e as densidades dos organismos em relação aos gradientes ambientais. As amostragens foram realizadas em três zonas ao longo do canal principal de cada estuário, com arrastos horizontais de subsuperfície juntamente com tomadas dos parâmetros ambientais em novembro de 2017, correspondente a um dos meses do período seco do ano. Foram contabilizados 102.793 organismos constituintes do zooplâncton. Destes, 38,55% foram contabilizados no estuário do rio Tubarão e 61,44% no estuário do rio Casqueira. As maiores densidades estão positivamente relacionadas com a alta da salinidade à montante, sendo verificada uma dominância de copépodos em ambos os estuários. As variáveis ambientais mais importantes para a formação das comunidades zooplânctônicas no estuário do rio Tubarão foram a salinidade, a transparência e a temperatura, tendo relação direta com os organismos: Appendicularia, Nematoda, Protozoea de Luciferidae e Náuplio de Cirripedia. Para o estuário do rio Casqueira, as variáveis salinidade, transparência, temperatura, profundidade e clorofila a foram as variáveis que se correlacionaram com a comunidade de zooplâncton, em especial com Protozoea de Luciferidae, Calanoida, Cyclopoida, Harpaticoida e Apendicularia. Evidencia que diferentes grupos pertencentes ao zooplâncton relacionam-se com variáveis ambientais específicas, o que favorece a formação de diferentes comunidades, em termos de composição e densidade ao longo do estuário.