Variação da riqueza de fungos em ninhos de diferentes tamanhos de Constrictotermes cyphergaster (Blattodea: Termitidae)

Abstract

A interação entre fungos e cupins é intrigante e vem sendo estudada a décadas. Conhecendo a riqueza fúngica associada a Constrictotermes cyphergaster, este estudo avaliou a riqueza fúngica nos ninhos desse cupim, verificando se esta varia em função da deposição de massa preta em um gradiente volumétrico. O material analisado foi coletado na Estação Experimental de São João do Cariri (ESSJC). Amostras de excremento (massa preta = MP) homogeneizadas foram retiradas de nove ninhos do cupim C. cyphergaster, com volumes que variaram de 2 a 68 litros. Diluiu-se sucessivamente 1g desse material até 10^-4 , que foi semeado em meio BDA com 0,4 ml de Sulfato de gentamicina, e as placas mantidas em temperatura ambiente. Registraram-se 15 espécies fúngicas pertencentes ao Filo Ascomycota, distribuídas entre os gêneros Aspergillus, Penicillium e Purpureocillium. A maior riqueza fúngica ocorreu nos ninhos de 15 e 19 L, e a menor de três espécies no ninho de 58 L. Aspergillus sp.4 mostrou maior abundância de colônias entre todos os ninhos. O índice de similaridade de Jaccard mostrou a formação de três grupos relacionados a composição fúngica entre os ninhos, com 60% de similaridade. Os fungos aqui registrados são reportados como eficientes degradadores de lignina e encontrados no solo adjacente aos ninhos. Purpureocillium cf. lilacinum é registrado pela primeira vez em ninhos de cupins. A riqueza observada entre os ninhos pode estar relacionada ao aumento de deposição de MP conforme o ninho aumenta de volume. O aumento da MP eleva o teor de matéria orgânica no ninho, que aumenta a umidade, fatores importantes para o crescimento de fungos. A temperatura também pode ter sido determinante para a abundância de colônias fúngicas. O isolamento do ninho de 68 litros pode estar relacionado as espécies exclusivas dele. Em função dos fungos serem eficientes degradadores de lignina, infere-se que esta degradação pode tornar a permanência dos fungos na MP inviável, o que pode explicar o decréscimo na riqueza e abundância fúngica com o aumento do volume dos ninhos. Conclui-se, portanto, que a quantidade de MP nos ninhos pode influenciar na riqueza de fungos e que a degradação desse composto pode induzir o decréscimo da riqueza e abundância desses organismos em ninhos com volumes acima de 50 litros.