Da paixão à bruxaria: Uma análise d'as bruxas de Salém de Arthur Miller

Abstract

A literatura, através da recriação da arte da palavra, permite-nos observar os múltiplos afetos e eventos da humanidade, sendo assim, possui em seu papel social a capacidade de despertar a subjetividade para que possamos compreender a feitura do humano. A presente pesquisa corresponde a um estudo em que analisamos a obra As bruxas de Salém: uma peça em quatro atos, de autoria do dramaturgo norte Americano Arthur Miller, publicado em 2009. O objetivo deste trabalho é analisar como a bruxaria foi um movimento de caça ao diferente à luz do texto literário, e como os afetos provenientes das paixões acarretaram a destruição de vidas, assim fazendo da literatura um ponto de interconexão com a realidade e veículo para humanização. Utilizamos para este fim principalmente as leituras de Russall (1993; 2019) e assim como o Sallmann (2002), a fim de traçarmos um panorama histórico sobre a bruxaria, e as contribuições de Foucault (1976), para enfim explanarmos as relações de poder, como também utilizaremos as produções das teorias da psicanálise à luz de: Kehl(2009), Lebrun(2009), Chemama(1995) e Lacan(1960) em virtude de traçarmos um panorama acerca das paixões que originam afetos, que por ora geram a destruição e acontecimentos insalubres na história da humanidade, como o episódio em Salém. A partir disso, compreendemos que a literatura, em suas representações literárias, permite-nos observar como os discursos podem estar ligados às relações de poder e os afetos. Neste trabalho propomos uma investigação em três pontos que se conectam: a bruxaria em sua concepção histórica, a bruxaria e as relações de poder através do panorama do fundamentalismo religioso e por último como estes pontos podem tornar-se eixo norteador para a morte de 19 pessoas em virtude das paixões amorosas de seus personagens.