Efeito do Mindfulness na modulação da dor em indivíduos com migrânea crônica: Uma revisão sistemática

Abstract

Introdução: A Migrânea Crônica (MC) é uma doença neurológica, subtipo de cefaleia primária, caracterizada por falha na modulação central com componente genético. O tratamento farmacológico é utilizado de forma profilática e/ou abortiva, porém pode desencadear efeitos colaterais ou adversos. Dessa forma, justifica-se a necessidade de buscar terapias complementares, como o Mindfulness (MD). O presente estudo teve como objetivo investigar o efeito neuromodulador do MD sobre a MC. Método: Revisão Sistemática de artigos publicados a partir das bases de dados PubMed/MEDLINE, Cochrane, Scopus, ScienceDirect, Web of Science, PsycINFO, realizada no mês de maio de 2019, através dos seguintes descritores: ―Mindfulness” AND “Chronic Migraine”. Foram incluídos artigos com desfecho principal referente a intensidade da dor e/ou frequência de crises de indivíduos com MC submetidos ao MD derivados de ensaios clínicos randomizados ou quase experimentais; excluíram-se artigos considerados estudos de protocolo, incompletos, de revisão, série de casos com grupo experimental (n<10) e estudos com terapia associada (Mindfulness e outra terapia). Em seguida, os artigos foram avaliados por dois avaliadores independentes de acordo com sua qualidade metodológica através da Escala PEDro (Physiotherapy Evidence Database). Resultados: Após análise dos dados, foram selecionados 114 artigos, e após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, apenas três artigos atenderam os critérios para análise qualitativa, sendo estudos clínicos controlados (PEDro: 7; 100% de concordância entre as avaliadoras). Os estudos avaliaram os efeitos do MD e da Terapia Profilática (TP), onde evidenciou-se, em ambos os grupos, redução significativa (p<0,001) da frequência de crises; consumo de medicamentos; e níveis de interleucina-6, neutrófilos (ambos apenas no grupo MD) e linfócito CD4 (apenas para o grupo MED). Por outro lado, houve aumento significativo (p<0,001) dos níveis de noradrenalina, epinefrina e dopamina em ambos os grupos. Conclusão: Sugere-se que o MD é uma terapia promissora na modulação da MC, com resultados semelhantes à TP.