Avaliação do status cognitivo de idosos rurais

Abstract

Dentre as diversas questões que compreendem o envelhecimento, destacam-se as repercussões sobre a cognição. O desempenho cognitivo é influenciado por diferenças individuais dentre as quais salienta-se os aspectos sociodemográficos. O Brasil é um país que conta com amplos recursos legais para garantir os direitos da população idosa, entretanto grande parte desse grupo ainda se encontra excluído e, de forma particular, os idosos rurais, que estão submetidos à múltiplas vulnerabilidades. O presente estudo objetivou investigar o desempenho cognitivo no Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e sua relação com variáveis sociodemográficas, numa amostra de idosos rurais da macrorregião de Campina Grande, Paraíba. Trata-se de um estudo quantitativo exploratório, descritivo e transversal. Participaram 91 idosos de ambos os sexos. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e o MEEM. Foram feitas análises descritivas dos dados, testes de correlação e Mann-Whitney (p<0,05). A média de idade foi de 70,74 anos. Predominaram idosos do sexo feminino (62,6%), casados (58,2%), que não trabalham atualmente (58,2%), aposentados (81,3%), que cursaram as séries iniciais do ensino fundamental (50,6%), moram com seu cônjuge (62,6%) e com filhos ou enteados (53,8%). A avaliação do MEEM revelou uma média de 21,49 pontos, com destaque para as funções orientação (M=8,79) e linguagem (M=5,96) e com menor média para praxia construtiva (M=0,32). A análise do rastreio cognitivo apontou 39,6% de idosos com indicativo de declínio cognitivo. A variável sexo não apresentou diferenças significativas no desempenho cognitivo, exceto para a função atenção e cálculo, com médias maiores entre os homens. A capacidade de ler e escrever resultou em diferenças significativas para o desempenho no MEEM, se mostrando como fator de proteção da cognição. As análises de correlação revelaram relação negativa entre a idade e escore total no MEEM (r= - 0,28), assim como para alguns subdomínios avaliados pelo MEEM. Foram observadas correlações significativas positivas entre a variável anos de escolaridade e as funções do MEEM, com destaque para linguagem (r= 0,54). A variável renda familiar também apresentou correlações significativas positivas para o escore total do MEEM (r= 0,30) e para alguns dos domínios avaliados. Os achados confirmaram a relação entre variáveis sociodemográficas e desempenho no MEEM. Observaram-se relações significativas indicando que os idosos mais velhos, menos escolarizados e com menor renda apresentaram desempenho cognitivo inferior. Faz-se necessária a realização de práticas educativas que promovam a manutenção e a estimulação da cognição em idosos. Os instrumentos que avaliam a cognição devem considerar o contexto sociocultural do indivíduo e sua escolaridade.