Análise das práticas educativas sob olhar de adolescentes

Abstract

A instituição familiar, apesar de historicamente enfrentar grandes modificações na sua organização e composição, é, desde os primórdios, reconhecida como uma das principais responsáveis pela educação de crianças e adolescentes. Nesse contexto, surgem questionamentos sobre a forma como os pais devem se relacionar com seus filhos, gerando interesse de vários estudiosos e pesquisadores sobre a qualidade das relações parentais, considerando o papel dos genitores e dos filhos. Diante do exposto, o presente estudo é um recorte de uma pesquisa do PIBIC, UEPB/CNPq cota 2017-2018, cujo objetivo foi analisar as relações parentais sob o olhar de adolescentes. A partir dos resultados do referido estudo, decidiu-se trabalhar mais especificamente com o olhar de adolescentes de diferentes idades e contextos sociais sobre os estilos e as práticas educativas de seus pais. Para tanto, realizou se uma pesquisa qualitativa, do tipo descritiva, cujos participantes foram 15 adolescentes de uma escola pública e 15 de uma escola privada da cidade de Campina Grande-PB, com idades variando entre de 13 a 15 anos incompletos (sendo dez estudantes para cada faixa etária). Os instrumentos utilizados para coleta de dados dizem respeito a um questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada, devidamente gravada, com duração média de 10 minutos. Os dados das entrevistas foram submetidos à análise de conteúdo bardiniana e à análise lexical do programa Iramuteq, para validação e fidedignidade dos resultados, enquanto que os do questionário foram analisados por meio do SPSS Statistic, versão 22.0. Os resultados indicam que, de acordo com a percepção dos adolescentes, o controle dos pais sobre os comportamentos indesejados dos filhos é predominantemente caracterizado pela utilização de estratégias punitivas e coercitivas, com privação de privilégios, evidenciando, assim, o estilo autoritário. Contudo, de acordo com os participantes, as práticas indutivas, com a presença do diálogo e da compreensão, são estratégias mais eficazes para o controle de comportamentos indesejados. A partir dos resultados, denota-se a necessidade de os pais dialogarem mais com seus filhos, demonstrarem mais afeto, utilizarem práticas indutivas e reconhecerem a capacidade crítica dos adolescentes, para analisarem suas relações parentais.