Geografia da opressão e do medo: uma reflexão da violência urbana e suas relações com o encarceramento feminino

Abstract

A sociedade em que vivemos faz uma diferenciação entre homens e mulheres. Ele, o sexo nobre e o forte, ela o belo e o frágil estereotipando essa relação entre gêneros. Esse estereótipo discriminatório, e porque não dizer machista, foi herdado de gerações passadas que consideravam uma suposta superioridade do homem sobre a mulher. Com o avanço da violência urbana e as mudanças sociais nas últimas décadas percebemos também que a presença feminina no sistema prisional brasileiro faz parte de um fenômeno global complexo presente em diversos países. É preciso refletirmos sobre essa questão do crescimento da população carcerária feminina de forma a orientar políticas públicas que sejam realmente eficazes no combate à violência e a criminalidade. E é pensando sobre essas perspectivas histórico-culturais e sociais que envolvem questões de violência urbana e o crescimento da população carcerária feminina que tecemos considerações e reflexões sobre a realidade que nossa sociedade está inserida. Esta pesquisa foi realizada no Presídio Feminino Maria Júlia Maranhão, situado no bairro de Mangabeira, na cidade de João Pessoa – Paraíba, onde buscamos compreender como se tem dado o aumento da criminalidade feminina associado a violência urbana e suas consequências para a sociedade. Encontramos nesse contexto pesquisado mulheres encarceradas em sua maioria por influência dos seus parceiros (que também estavam no mundo da criminalidade) e do meio em que estavam inseridas. Essas mulheres trazem com elas reflexos de uma sociedade preconceituosa e excludente com poucas oportunidades de reinserção social. E, diante de toda a situação exposta tecemos considerações sobre o descaso dessa própria sociedade para com essas mulheres prisioneiras, as políticas públicas (quase imperceptíveis dentro dos muros prisionais) e suas perspectivas de reintegração social com dignidade.