Efeito de nanopartículas à base de cério em Palaemon Pandaliformis (Crustacea, Palaemonidae)

Abstract

As nanopartículas de cério são utilizadas em produtos de uso diário, como aditivos para combustíveis e tintas. Entretanto, poucos estudos sobre os efeitos subletais da nCeO2 em organismos aquáticos estão disponíveis. O cério (CeO2) é um composto inorgânico usado em sensores eletrocrômicos, revestimentos anticorrosivos e catalisadores. Os crustáceos possuem adaptações estruturais, comportamentais e fisiológicas que lhe conferem eficiência no controle osmo-iônico e resistência a eventuais compostos tóxicos liberados no meio aquático. Este trabalho teve como principal objetivo analisar o efeito tóxico de nanopartículas de cério em camarões da espécie Palaemon pandaliformis. Após um período de aclimatação de três dias, os animais foram submetidos a um sistema estático de exposição experimental (24 horas e 72 horas). Em três concentrações diferentes de nanopartículas de cério: 75 µg/L, 150 µg/L e 300 µg/L. Onde foram retiradas amostras da hemolinfa e músculo abdominal. Analisamos as amostras com ênfase nos seguintes parâmetros: concentração iônica da hemolinfa e o teor de hidratação tecidual. Os dados obtidos foram tratados e submetidos a análises estatísticas two way ANOVA. Os resultados demonstraram que na concentração de 75 µg/L não vemos um aumento significativo do íon cloreto (Cl-) no período de 24 horas, entretanto é notável o aumento na concentração de íon cloreto Cl- no período de 72 horas, demonstrando que os animais tiveram sua regulação iônica afetada de acordo com o tempo de exposição. Os dados de hidratação tecidual do músculo abdominal, expostos a diferentes concentrações de nanopartículas de cério, demonstraram que houve uma redução da capacidade de manutenção de volume celular, o que reflete no aumento de teor de hidratação nas concentrações mais altas e no tempo experimental de 72 horas.