Efeito da dose subletal do larvicida Pyriproxyfen no ciclo biológico em populações de Aedes aegypti

Abstract

A dengue, a principal arbovirose transmitida pelo Aedes aegypti, é prevalente em mais de 120 países das regiões subtropicais e tropicais do mundo. Na última década, relatórios epidemiológicos também revelam uma crise epidemiológica ascendente no território brasileiro. A ineficácia das ações de controle vetorial e a ausência de vacinas específicas para arboviroses, dentre outros aspectos, podem ser as possíveis causas para esse cenário. Atualmente, o controle químico aliado ao controle mecânico consiste na principal intervenção para mitigar a incidência das arboviroses transmitidas pelo Ae. aegypti. Adulticidas e larvicidas organofosforados foram os mais utilizados nas últimas décadas, porém tem perdido local para o pyriproxyfen, larvicida análogo ao hormônio juvenil, devido ocasionar seleção de populações resistentes. Nesse contexto, objetivou-se com o presente trabalho analisar o possível impacto da pressão de seleção do larvicida pyriproxyfen no ciclo biológico do mosquito A. aegypti em populações da cidade de Campina Grande, Paraíba. A seleção de mosquitos resistentes foi realizada no LEMMol, CCBS – UEPB, em condição de insetário: 27 oC + 2 oC e 70 % + 20 % de umidade e fotoperíodo 12-12h. No primeiro momento, larvas L3 – L4 foram expostas a diferentes concentrações de PYR e os indivíduos sobreviventes foram submetidos a refrigeração para dissecação de asas e medição através do ImageJ, submetidos ao Kruska wallis test. No segundo momento, larvas foram submetidas a DL50 e os adultos emergentes alimentados para atestar a fertilidade e fecundidade dos mesmos. Em ambas as situações a contagem da mortalidade dos indivíduos foi realizada a cada 48h e os dados obtidos foram testados através da Fórmula de Abbott. Os nossos resultados verificam a eficácia da dose recomendada pela OMS, com IE = 100%, e em doses subletais a IE reduz significativamente, possibilitando adultos resistentes em vida, morfologicamente semelhantes aos insetos não submetidos ao PYR, porém com fertilidade e fecundidade reduzidas. Desse modo, o presente trabalho atesta que mesmo em doses subletais o Pyriproxyfen continua contribuindo positivamente para a redução da população de Aedes aegypti.