Atuação da Psicologia na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: Um estudo de caso

Abstract

O nascimento de um bebê prematuro pode acarretar nos pais sentimentos ambivalentes, uma vez que o bebê real distancia-se do bebê imaginário. O processo de hospitalização se apresenta para a família e para os bebês como um período de sofrimento e intensas dificuldades. Nesse sentido, o presente artigo tem por objetivo relatar um estudo de caso advindo de uma experiência de estágio de Psicologia em uma maternidade pública da Paraíba. Para contemplar esse objetivo, escolheu-se o caso de uma mãe cujo bebê era prematuro e estava internado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. No que se refere aos aspectos metodológicos, destaca-se que os atendimentos foram realizados duas vezes por semana, norteados pela Psicoterapia Breve de Apoio e ocorreram na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e na Casa de Acolhimento às Gestantes e Puérperas. Após a análise dos resultados emergiram seis categorias de discussão: Repercussões emocionais da hospitalização; Relacionamento com a equipe; Vínculo mãe-bebê; Estratégias de enfrentamento; Rede de apoio e Acompanhamento psicológico. Os resultados encontrados evidenciam que a internação de um filho prematuro na UTI Neonatal representa um momento de sofrimento e mobiliza na mãe medos e inseguranças, aumentando os níveis de ansiedade e estresse. O uso de linguagem clara e acessível por parte da equipe da unidade facilita a compreensão do quadro clínico do bebê, reduzindo os níveis de ansiedade materna, enquanto a integração da mãe nos cuidados auxilia no fortalecimento do vínculo mãe-bebê. O estudo indica, também, que a espiritualidade surge como um fator protetivo no enfrentamento da situação vivenciada, suscitando sentimentos de amparo, conforto, força, alívio e esperança. Ademais, a ausência de suporte social por parte do companheiro e dos familiares contribuiu para a sobrecarga materna e aumento dos níveis de ansiedade. Concluiu-se que através do acolhimento e de uma escuta sensível e humanizada é possível propiciar um espaço onde as mães possam expressar seus sentimentos e elaborar suas vivências, reduzindo o sofrimento e estimulando o fortalecimento da autoconfiança materna.