Análise do perfil epidemiológico e das necessidades de saúde das pessoas com deficiência dois anos após o início da pandemia de Covid-19

Abstract

A pandemia de COVID-19 teve impactos bastante desiguais nos diferentes setores da sociedade. Considerando as implicações da deficiência no corpo, no contexto social e familiar, as pessoas com deficiência foram classificadas como grupo de risco para a infecção causada pelo coronavírus. O estudo objetivou traçar o perfil epidemiológico e analisar as necessidades de saúde das pessoas com deficiência física ou visual frente à pandemia de COVID-19. Tornou-se propício traçar o perfil epidemiológico desta população e os impactos da pandemia que foram gerados, para que haja promoção de melhorias nas condições de saúde e o fornecimento de recursos pelos gestores de saúde e das autoridades públicas. Trata-se de um estudo de caráter transversal e analítico, com abordagem qualiquantitativa, realizado durante projeto de pesquisa na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual da Paraíba, Campus I, e no Instituto de Educação e Assistência aos Cegos do Nordeste, em Campina Grande, Paraíba, Brasil. A coleta foi realizada no mês junho de 2022. A amostra foi composta por 31 pessoas com deficiência física ou visual, acima de 18 anos, com esquema de vacinação contra COVID-19 completo. Foram excluídas pessoas com mais de um tipo de deficiência. Para a coleta de dados utilizou-se o Instrumento de Avaliação de Necessidades de Saúde de Pessoas com Deficiência Física, Auditiva e Visual e perguntas subjetivas sobre a experiência pessoal dos participantes no contexto da pandemia. Os dados quantitativos foram analisados e expostos usando o software estatístico Statistical Package for Social Sciense - SPSS versão 20.0. As perguntas subjetivas foram submetidas à Análise de Conteúdo Temática. O estudo atendeu a todos os procedimentos éticos recomendados pela resolução n° 466, de 12 de dezembro de 2012, emitida pelo Conselho Nacional de Saúde. Os resultados apontam que o sexo masculino corresponde a 64,5% da amostra e 35,5% corresponde ao sexo feminino. Entre os homens, 25% apresentam deficiência física e 75% apresentam deficiência visual. Já entre mulheres, 36,4% apresentam deficiência física e 63,6%, deficiência visual. Quando analisado o fator causador da deficiência entre os sexos, observou-se que entre as mulheres o fator congênito e patologia apresentaram percentuais iguais 36,4%, já entre os homens, a incidência é maior por causas patológicas, 50%. A média de idade foi de 38,18 para as mulheres e de 41,5 para os homens. Quanto às necessidades de saúde, foram constatadas: necessidade de conseguir órteses, dificuldade de acesso aos serviços sociais, dificuldade de acesso às informações de saúde, necessidade de ajuda para chegar aos serviços de saúde, ausência de atendimento domiciliar e de atendimento multiprofissional. Portanto, conclui-se que a pandemia afetou o processo de reabilitação e os estudos das pessoas com deficiência. Quanto às queixas atuais de saúde, as mais relatadas foram: dores, crises de ansiedade e depressão.