Coping em parceiro soropositivo: uma visão desenvolvimentista e psicossocial

Abstract

O diagnóstico de infecção pelo HIV acarreta impactos psicossociais nas pessoas, sobretudo pelo preconceito, ainda existente, em torno do tema HIV/AIDS. Nesse sentido, esta pesquisa teve como objetivo analisar o coping em parceiros soropositivos frente ao recebimento do diagnóstico de infecção por HIV. Trata-se de uma pesquisa exploratória-descritiva de abordagem qualitativa. Participaram do estudo sete pessoas com diagnóstico de soropositividade para o HIV/AIDS que estavam em relacionamentos sorodiferentes. A coleta de dados foi realizada de modo presencial e virtual durante os meses de fevereiro e março de 2022, em um hospital público situado no município de João Pessoa - PB. Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico/clínico e uma entrevista semiestruturada, realizada individualmente. As entrevistas foram submetidas à análise de conteúdo temática, considerando categorias a priori, a partir das famílias de coping propostas pela Teoria Motivacional do Coping, bem como categorias a posteriori construídas a partir da análise temática. Nesse sentido foram construídas as seguintes categorias: Comunicação do diagnóstico, coping frente à comunicação diagnóstica e coping na vivência com o vírus HIV. Os resultados sugeriram que frente ao recebimento da comunicação diagnóstica, as estratégias de coping utilizadas relacionaram-se principalmente às categorias Desamparo, Fuga, Isolamento e Submissão. Entretanto, a análise do coping frente à vivência com o vírus HIV evidenciou estratégias vinculadas às categorias Autoconfiança e à Acomodação, sobretudo pela manutenção dos relacionamentos sorodiferentes e acesso aos serviços de saúde. Por outro lado, estratégias classificadas nas famílias de coping Desamparo e Fuga também continuaram a ser utilizadas, relacionadas principalmente a um contexto ameaçador, permeado por preconceitos. Conclui-se, portanto, que há necessidade de futuras pesquisas na área do coping, a partir de um olhar desenvolvimentista e psicossocial, que aprofunde o papel dos processos e construções sociais, como o preconceito e representações sobre o HIV/AIDS.