A educação física nos "anos de chumbo": A visão de ex-alunos da cidade de Campina Grande-PB

Abstract

Um dos episódios mais marcantes da história do Brasil, foi a implementação do Regime Militar (1964-1985), pois esse evento repercutiu em todas as esferas políticas, principalmente na educação. Uma das disciplinas que recebeu mais atenção do Estado, foi a de Educação Física, pois era um componente que conseguia desenvolver habilidades e atingir alguns interesses para os militares, como a formação de atletas de alto nível, para servirem de propaganda do governo em competições internacionais, a melhoria da mão de obra, para uma maior produtividade, como também do uso político da educação para disseminação das ideologias do Regime. Nesse sentido o presente trabalho tem como objetivo, investigar sobre o ensino da Educação Física na cidade de Campina Grande-PB, durante o período do Regime Militar, mais especificamente entre os anos de 1971-1974, denominado popularmente como os “anos de chumbo”, momento que houve a promulgação do ato institucional n° 5 e existiu uma maior repressão, autoritarismo e violência por parte do Estado para controlar a sociedade. Então esse estudo busca identificar quais os elementos pedagógicos que se faziam presentes nas aulas, bem como verificar o olhar dos alunos que vivenciaram a disciplina durante esse período, descrevendo os significados e valores que eles atribuem a Educação Física. Trata-se de uma pesquisa descritiva e de caráter qualitativo, que se desenvolveu por meio de uma entrevista semiestruturada com ex-alunos das escolas da cidade de Campina Grande-PB, dentro do recorte determinado. Diante dos dados que foram obtidos pela pesquisa, observou-se que o ensino da Educação Física na cidade de Campina Grande-PB, no período recortado, no caso do grupo estudado, seguia a lógica nacional exposta pelos autores referenciados, pois percebe-se um ensino tecnicista, esportivista, pautado no paradigma da aptidão física, isto é, tinha como objetivo a obtenção de condicionamento físico, saúde e disciplinarização, reforçando os interesses do Regime e deixando de enxergar o caráter socioeducativo da disciplina.