Avaliação da sintomatologia dolorosa musculoesquelética e da qualidade de vida de pacientes após covid-19

Abstract

INTRODUÇÃO: A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que apresenta um quadro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves. Além da gravidade dos casos, tem-se observado que, muitas vezes, indivíduos acometidos pela COVID-19 apresentam sintomas persistentes mesmo após serem considerados recuperados, com repercussões que comprometem a qualidade de vida. OBJETIVO: Analisar a sintomatologia dolorosa musculoesquelética e a qualidade de vida de pacientes após COVID-19 atendidos na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual da Paraíba na cidade de Campina Grande/PB. METODOLOGIA: Trata-se de estudo observacional transversal de abordagem quantitativa. Esta pesquisa fez parte de um projeto maior intitulado “Reabilitação após COVID-19: Implementação e avaliação de um programa de reabilitação e monitoramento de casos”, aprovado na chamada FAPESQ N 005/2020/PPSUS – Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde. Participaram da pesquisa 37 pacientes que buscaram atendimento na CEFUEPB visando a participação no programa de reabilitação após COVID-19 no período de outubro de 2021 a maio de 2022. A captação foi realizada através da demanda espontânea, configurando-se uma amostra não probabilística por acessibilidade. Para coleta dos dados foi utilizado um questionário geral sobre dados sociodemográficos, condições de saúde e curso da COVID-19. Somando-se a este também foi aplicado o Questionário Nórdico para avaliar a sintomatologia dolorosa musculoesquelética e, para avaliar a Qualidade de Vida (QV) foi utilizado o Short Form (SF) 36. Para avaliar a força de preensão manual, foi utilizado um dinamômetro hidráulico. Os dados coletados foram analisados através do software estatístico SPSS (versão 22.0). As variáveis categóricas foram descritas como número absoluto e percentual e as variáveis contínuas como média ± desvio padrão (DP), mediana, mínimo e máximo. Foi realizada correlação de Spearman entre a presença de sintomas dolorosos, a qualidade de vida e gênero, estado civil, número e duração dos sintomas da COVID-19 bem como a força de preensão manual. Todos os testes foram bicaudais e o nível de significância final adotado foi de p < 0,05. RESULTADOS: Quanto à amostra, 73% eram do sexo feminino, com média de 38,95 ± 14,7 anos. Foi observado que os sintomas mais prevalentes durante o curso da COVID-19 foram a fadiga, dispneia e tosse. Entre os sintomas após infecção por COVID-19 destacaram-se a fadiga, dispneia e alterações na memória. Houve predominância de sintomas dolorosos osteomusculares, classificados de moderado a severo de acordo com a classificação da Escala Visual Analógica (EVA), sendo as regiões dorsal, lombar e joelhos as mais acometidas. Observou-se uma correlação negativa de leve a moderada entre os sintomas osteomusculares e os domínios da Qualidade de Vida, além de uma correlação positiva de leve a moderada entre esses domínios e a idade, sexo, duração e quantidade de sintomas pela COVID-19. CONCLUSÃO: Infere-se que a infecção pela COVID-19 tem grande potencial de causar sintomatologia dolorosa osteomuscular persistente após a fase aguda da doença, além de poder gerar uma redução na qualidade de vida.