Agricultura agroecológica, entre quintais produtivos e Kleingärten, promovendo a soberania e a segurança alimentar e nutricional

Abstract

Desde as civilizações antigas, a questão da produção e da distribuição de alimentos demandava uma preocupação constante. Atualmente, em decorrência do estilo de agricultura denominado “convencional”, estabelecido a nível global e corroborado pelo capitalismo — o modelo econômico predominante no mundo —, questões relacionadas às causas ambientais, de saúde pública e de distribuição injusta de alimentos são levantadas com frequência. Para o enfrentamento dos problemas originados por esse modelo de agricultura, faz-se necessária a implementação e propagação de modelos agrícolas pautados na sustentabilidade e na soberania e segurança alimentar. Dado também, por exemplo, o crescimento populacional sem precedentes e a banalização do uso de agrotóxicos, muitas pessoas vêm buscando formas de produzir seus alimentos de maneira mais saudável e independente, num processo de resgate transgeracional que proporciona, além da segurança alimentar, a autonomia dos agricultores. Sob esse contexto, o estudo teve como objetivo apresentar, em formato de documentário, a história de uma agricultora e um agricultor de diferentes regiões do planeta (Brasil e Alemanha), que resilientemente utilizam técnicas de agricultura agroecológica em seus espaços produtivos, resgatando com suas ações memórias dos tempos em que o manejo da terra se dava de maneira mais sustentável. A agricultora é Joseane Amaro dos Santos, de Olivedos, Paraíba, Brasil, que trabalha em dois quintais produtivos; e o agricultor Olaf Lehmann, de Wundersleben, Turíngia, Alemanha, que trabalha em dois Kleingärten. Para a elaboração do documentário, utilizou-se a metodologia qualitativa de abordagem biográfica intitulada “História Oral”, com a elaboração de questionários semi-estruturados (aplicados de forma remota a Olaf e de forma presencial a Joseane) que serviram de norteadores para o desenvolvimento das entrevistas e das filmagens. Pode-se constatar que tanto os quintais produtivos como os Kleingärten são espaços que possibilitam a execução de formas mais sustentáveis de agricultura, pautadas na soberania e na segurança alimentar dos envolvidos. Esses espaços priorizam um manejo agroecológico da terra, respeitando as limitações e potencialidades da mesma, o que corrobora com o desenvolvimento atual da humanidade, que passa por um momento de transgressão na busca por técnicas cada vez mais alinhadas a um desenvolvimento sustentável capaz de promover e assegurar a autonomia dos povos