Oralidade letrada na escola: o gênero debate público sob lentes enunciativas

Abstract

O presente trabalho nasceu de uma inquietação: o professor de Língua Portuguesa tende a se limitar ao ensino da leitura e da escrita, esquecendo-se que a oralidade também se ensina. Buscando contribuir com ensino de Língua Portuguesa, objetivamos apresentar o esboço de uma sequência didática para o ensino-aprendizagem do gênero oral debate público, com vistas à formação do aluno para as práticas sociais de oralidade em contextos mais formais e institucionalizados. A fim de cumprirmos tal objetivo, dividimos este artigo em quatro seções, além da introdução e das considerações finais. Na segunda seção, expomos as noções teóricas gerais de nossa reflexão, a saber, as noções de linguagem, língua e enunciação (Benveniste, 2005, 2006), bem como as noções de texto, texto falado e texto escrito (Knack, 2012). Na terceira seção, abordamos o ensino-aprendizagem de gêneros orais em contexto escolar, focalizando as noções de letramento e letramento escolar em perspectivas mais discursivas e educacionais (Tfouni, 1988; Kleiman, 2012 [1995]; Rojo, 2014 [2009]; Soares, 2006 [1998]), assim como as noções de letramento e oralidade letrada em uma perspectiva mais linguístico-aplicada (Simões et al., 2012) e em uma perspectiva mais enunciativa (Oliveira, 2017, 2018). Na quarta seção, versamos sobre as noções dos gêneros do discurso como prática social (Bakhtin, 1997) e sobre o ensino da oralidade letrada (Brasil, 2018). Na quinta seção, propomos tarefas iniciais para o trabalho com o gênero debate público no ensino fundamental II, mais precisamente no 9º ano. Tais tarefas são planejadas com base no modelo de sequência didática de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), tal como em atualizações desse modelo efetuadas por Simões et al. (2012) e por Oliveira (2019). Ainda nessa seção, buscamos comentar o esboço de SD à luz de ideias teóricas apresentadas nas seções anteriores. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e teórica aplicada. A pesquisa qualitativa concebe o número de teorias para interpretação Marconi e Lakatos (2011). Já a pesquisa bibliográfica, busca de referências relacionadas ao tema e “é elaborada com base em material já publicado” (Gil, 2010, p. 29). Em termos de linguística aplicada, busca-se em Oliveira (2019) as teorias mais gerais a serem aplicadas com base numa sequência didática para o ensino da oralidade letrada. Em termos de contribuições, buscamos contribuir, especialmente, no que diz respeito a oralidade letrada na sala de aula.