Correlações entre a seleção natural e adaptações recentes no humano moderno: uma revisão de literatura

Abstract

A primeira população humana surgiu no Continente Africano, há cerca de 2 milhões de anos, mas os humanos da espécie Homo sapiens surgiram apenas há cerca de 200 mil anos. Em torno de 50.000 a 100.000 anos atrás os humanos deixaram o Continente Africano e se dispersaram pelos outros continentes, quando foram expostos a novas condições ambientais e desenvolveram inovações culturais. Há evidências de adaptações dos sistemas orgânicos dos indivíduos de diferentes populações, em consequência da diversidade das condições ambientais e dos hábitos de vida. Portanto, o objetivo deste trabalho foi buscar evidências recentes da evolução através da seleção natural em humanos modernos. Para tanto, foi realizada uma revisão narrativa de literatura, desenvolvida entre os anos de 2021 e 2023, que utilizou como fonte de pesquisa as bases de dados de periódicos nacionais e internacionais. Foram consultados os artigos dos últimos 38 anos que abordam a evolução do humano moderno com suas adaptações morfológicas e fisiológicas, sendo selecionados 46 trabalhos, entre artigos, livros, dissertações e teses. A evolução humana ocorre desde o surgimento da espécie, através de mutações genéticas e pressões seletivas relacionadas aos fatores ambientais, como por exemplo: a dieta, o clima, a altitude e as práticas culturais. O corpo humano tem sofrido as consequências das recentes mudanças nos hábitos de vida e não houve tempo suficiente para que adaptações vantajosas do humano moderno, através da seleção natural, nos protejam das doenças decorrentes dessa mudança de hábitos. Entretanto, algumas adaptações vantajosas já se mostram significativas nas populações em geral, como fortalecimento dos laços afetivos e convívio entre familiares, aumentando o sucesso reprodutivo por dificultar a afeição entre familiares de forma romântica; produção prolongada da enzima lactase em consequência da ingestão de leite na idade adulta; redução da pigmentação da pele e redução da densidade de massa óssea em populações que vivem sob condições de baixa exposição à luz solar, aumentando a capacidade de absorção dos raios solares, ao mesmo tempo que reduz a quantidade necessária de vitamina D e cálcio para a mineralização dos ossos; alargamento ou estreitamento das narinas de acordo com o clima favorecendo adequada temperatura e umidade do ar inalado e, dessa forma, protegendo as vias aéreas durante a respiração; ajustes nos níveis de hemoglobina no sangue em populações que vivem em altas altitudes; aumento do tamanho do baço em populações cujo sustento depende da pesca por meio de mergulhos em apneia; maior quantidade de gordura localizada na pálpebra superior dos olhos dos povos do leste asiático diante do clima de ventanias e luz forte do sol; surgimento do epicantos devido ao ambiente de alto relevo .