Análise da função pulmonar e qualidade de vida de usuários de cigarro eletrônico e convencional

Abstract

O tabagismo é reconhecido como um dos principais problemas de saúde pública, responsável por cerca de 8 milhões de mortes anuais no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, aproximadamente 12,8% da população adulta é usuária de produtos derivados do tabaco, e as taxas de uso variam entre as regiões, com prevalências mais altas no Sul. O cigarro convencional é fortemente associado a diversas doenças respiratórias e cardiovasculares, além de prejudicar diretamente a qualidade de vida e aumentar a mortalidade entre os fumantes. Já os cigarros eletrônicos, embora sejam promovidos como uma alternativa de menor risco, também apresentam compostos tóxicos que impactam negativamente a função pulmonar. Sendo assim, este estudo comparou a função pulmonar e a qualidade de vida de usuários de cigarro eletrônico e de cigarro convencional em Campina Grande, investigando os impactos desses dispositivos sobre estas variáveis. Foi conduzido um estudo quantitativo e observacional, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 74648823.8.0000.5187), com recrutamento por conveniência. A função pulmonar foi avaliada pelo dispositivo Vitalograph COPD-6 e a qualidade de vida pelo questionário Short Form 36 (SF-36). Os resultados revelaram que usuários de cigarro convencional apresentaram função pulmonar significativamente inferior, com médias de VEF1 de 2,44 L e %VEF1 de 77%, enquanto usuários de cigarro eletrônico apresentaram 3,52 L e 95,5%, respectivamente. Na avaliação qualidade de vida, observou-se que 48,3% dos fumantes convencionais relataram piores escores no aspecto de saúde mental, enquanto usuários de cigarro eletrônico apresentaram uma média de 66,6%, sugerindo menor impacto psicológico. A discussão aponta que, embora o cigarro eletrônico pareça causar menos danos respiratórios no curto prazo, os efeitos a longo prazo ainda são incertos. Conclui-se que o cigarro convencional representa um risco maior para a função pulmonar e saúde mental, reforçando a necessidade de políticas públicas focadas na cessação do tabagismo e na prevenção do uso de ambos os tipos de cigarro, especialmente entre jovens.