Distribuição da raridade de macroinvertebrados bentônicos e sua relação com a precipitação no semiárido brasileiro

Abstract

A biodiversidade é um conceito multifacetado na qual reflete todo o conjunto das variações espaciais e temporais sobre os conjuntos biológicos, e uma de suas métricas é a abundância, levando em consideração que as comunidades ecológicas não se constituem por espécies de mesma abundância. Essas diferenças também são explicadas em função das interações dos organismos com fatores abióticos, configurando a dominância e a raridade nos ecossistemas. Nesse contexto, a distribuição de comunidades é refletida em relação às condições ambientais, como por exemplo, a influência da precipitação sobre a estrutura dos ecossistemas aquáticos. À vista disso, o objetivo deste trabalho é analisar a distribuição da raridade na comunidade de macroinvertebrados bentônicos devido à variação espacial de precipitação no semiárido. A área de estudo abrange reservatórios artificiais no planalto da Borborema, uma ecorregião semiárida que forma um gradiente de precipitação entre as encostas à oeste, mais secas (Borborema Seca) e à leste, mais úmidas (Borborema Úmida). A amostragem de macroinvertebrados bentônicos foi realizada nas zonas litorâneas dos reservatórios durante a estação chuvosa em 2018. Os resultados mostraram se taxa raros e dominantes responderam à variação de precipitação na ecorregião da Borborema, comparando os níveis de similaridade em suas distribuições espaciais. Observou-se que a estrutura da macrofauna de invertebrados bentônicos foi alterada em função da variação espacial de precipitação, incluindo uma maior contribuição da raridade para a dissimilaridade na distribuição da comunidade, e de forma oposta, maior similaridade entre taxa dominantes. Além disso, a dominância de organismos resistentes e generalistas e a raridade de diversos taxa tolerantes e outros sensíveis, indica que os efeitos da redução de precipitação nos reservatórios do semiárido representam um cenário de perda de diversidade e deterioração nesses ecossistemas, direcionando à importância da compreensão sobre a estrutura e distribuição da raridade, como guia às medidas de conservação da biodiversidade.