Influência dos condicionantes ambientais e uso do habitat por Abudefduf saxatilis (Linnaeus, 1758) e Stegastes variabilis (Castelnau, 1855) em poças de maré de um recife arenítico

Abstract

Formações costeiras como os recifes de arenito são caracterizados como ambientes complexos que abrigam uma grande diversidade de espécies e podem ser encontrados por toda a extensão do litoral nordeste do Brasil. Nesses ambientes a dinâmica de maré proporciona a formação de novos habitats, como as poças de maré, que ficam parcialmente expostas na maré baixa, atuando como residência para algumas espécies de peixes, tais como Abudefduf saxatilis e Stegastes variabilis da família Pomacentridae, coabitantes desses ambientes e que fazem uso dos mesmos recursos. Este trabalho visa compreender a influência das variáveis ambientais e das características do habitat sobre a abundância e biomassa dessas duas espécies. A hipótese testada foi que em poças com maior complexidade estrutural influenciavam os descritores das populações. Um total de 168 poças foram estudadas em um recife arenítico localizado na foz do estuário de Barra de Mamanguape, durante os meses da estação de chuva e de seca do ano de 2018. Para cada poça foram aferidos os parâmetros ambientais (salinidade e temperatura) e de habitat (cobertura, algal e rugosidade). Os resultados mostraram que não houve diferenças na abundância e biomassa de A. saxatilis e S. variabilis entre as poças de acordo com a complexidade delas, mas sendo observado uma diferença temporal. As principais variáveis preditoras da abundância e biomassa de A. saxatilis foram temperatura e profundidade, enquanto para S. variabilis destacou-se a profundidade e rugosidade. As características de habitats nas poças de maior complexidade estrutural foram, portanto, capazes de oferecer condições para a coexistência dessas duas espécies antagônicas, ofertando território, subsídios de forrageio e reprodução.