Etnobotânica e produção de plantas medicinais por agricultores familiares da região de Campina Grande – PB

Abstract

O uso de plantas medicinais por populações da área rural é oriundo dos conhecimentos acumulados mediante a relação direta dos seus membros com o meio ambiente. O cultivo dessas plantas pode ser considerado uma prática exemplar dos princípios da agroecologia, uma vez que os agricultores podem utilizá-las na prevenção e controle de doenças em humanos, em animais e na produção vegetal, além de reduzir o extrativismo e melhorar a geração de renda. No Brasil, grande parte da população utiliza pro-dutos à base dessas plantas, representando uma importante alternativa para a promo-ção da saúde e produção por parte dos agricultores familiares. Dessa forma, realizou-se um estudo etnobotânico com agricultores familiares da região de Campina Grande – PB sobre o conhecimento e a utilização de plantas medicinais como prevenção e tra-tamento de doenças em humanos e em animais, além de avaliar a produção dessas plantas em suas propriedades. A pesquisa foi realizada através de entrevistas com agricultores familiares que residiam na região de Campina Grande – PB, durante a realização de feiras locais. Para tal, foi aplicado um questionário semiestruturado, que era composto por questões relacionadas ao perfil dos entrevistados, caracterização da produção, especialmente das plantas medicinais, bem como sobre a utilização das plantas para prevenir e tratar doenças em humanos e animais. Foram desenvolvidos folders informativos sobre o uso de plantas medicinais no tratamento animal, que foram distribuídos aos agricultores juntamente com mudas de plantas medicinais. Dentre os agricultores da região de Campina Grande entrevistados, 54,80% eram mulheres e 45,19% homens, aos quais 20,19% produziam de forma agroecológica, 37,50% orgânica, 36,53% convencional e 5,76% não responderam. A maioria afirmou produzir e usar plantas medicinais, citando boldo, babosa, hortelã-da-folha-miúda, mastruz, capim-santo, dentre as mais utilizadas no tratamento humano; e a babosa para cicatrização e o mastruz para vermes, dentre as mais citadas para o tratamento animal. Os agricultores da região de Campina Grande/PB usam as plantas medicinais no tratamento humano e animal de forma satisfatória. Esse uso representa uma alternativa viável e prática para as comunidades rurais, tornando-se assim imprescindíveis ações que propici-em a divulgação e troca de saberes sobre o uso racional de plantas medicinais no tratamento e prevenção de doenças em animais e nos seres humanos, como uma forma de fortalecimento dessa prática e construção do conhecimento agroecológico.