"Eu me sinto um lixo": Implicações psíquicas e sociais da LER/DORT para bancários

Abstract

Os desdobramentos do trabalho para a vida do trabalhador podem encaminhar-se no sentido do prazer e da saúde, ou por outro lado, do adoecimento. As transformações nos modos de gestão e no saber fazer dos trabalhadores do setor bancário advindas da reestruturação produtiva vêm contribuindo para o aumento do desemprego e para a disseminação dos agravos à saúde entre os trabalhadores. As vivências nos casos de LER/DORT demarcam a invisibilidade do sofrimento psíquico, e reafirmando a importância de abordar essa temática este artigo teve como objetivo analisar as implicações psíquicas e sociais da LER/DORT relacionada ao trabalho, para trabalhadores do setor bancário. Foram realizadas 6 entrevistas semi-estruturadas e a referência teórica adotada foi a Psicodinâmica do Trabalho. Os relatos apontaram os modos de gestão como caracteristicamente estressantes. A precariedade da atividade por meio da polivalência e do acúmulo de atividades aliados à grande demanda e ao número de metas a ser atingido pelo profissional bancário também foram destacados. A fragilização dos vínculos entre trabalhadores criou um ambiente negativo, o que dificultou a reinserção dos trabalhadores afetados. A LER/DORT marcou profundamente suas vidas o que exigiu a reelaboração de suas rotinas agora limitada pelo adoecimento.