Poética sociolúdica : "meninos carvoeiros" e seu gingado

Abstract

Esta monografia analisa o poema “Meninos carvoeiros”, publicado na obra O ritmo dissoluto (1924), de autoria do escritor pernambucano Manuel Bandeira. A análise evidencia elementos do contexto ficcional (aspectos temáticos, formais e simbológicos), permitindo uma interpretação que os relaciona entre si e com elementos de outros contextos, como o biográfico e o de recepção. A finalidade é compreender de que modo se configura no poema a “emoção social” direcionada pelo eu poético a crianças brincantes que resistem na “ingênua miséria” do trabalho como carvoeiros. Para tanto, na fundamentação teórico-metodológica – com pressupostos interculturais da sociopoética –, se estabelece a noção de ‘sociolúdico’ e de ‘resistência sociolúdica’, bem como se revisam acepções dos termos ‘lúdico’, ‘poética’, ‘criança’ e ‘infância’. O principal interlocutor crítico é o alemão Walter Benjamin, sobretudo na reunião póstuma de ensaios Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação (2002). Na presente monografia, defende-se a atualidade literária e social do poema e sustenta-se a hipótese de que Bandeira ‘destila’ no texto, através do eu poético, um sentimento de solidariedade face à condição socioeconômica dessas crianças brasileiras, agenciando elementos prosaicos modernistas para também criticar a miséria que envolve tais meninos.