Negacionismo antivacina à brasileira: da Revolta da Vacina à Pandemia de SARS-Cov-2

Abstract

Esta investigação tem como objeto compreender o negacionismo antivacina brasileiro, em uma perspectiva comparativa que procura refletir sobre o negacionismo em dois períodos distintos: a Revolta da Vacina (1904) e a pandemia de COVID-19. São explorados alguns dos pontos de convergência e as singularidades dessas experiências históricas. Para essa finalidade, desenvolvemos uma breve história da imunoprevenção que é seguida de análises sobre a Revolta da Vacina (1904) e a experiência contemporânea da pandemia de COVID-19. A premissa do trabalho é que o Estado e a descredibilização da produção científica serviram como terreno fértil para a fecundação da antipatia contra as vacinas, em ambos momentos históricos do Brasil republicano. Optou-se pelo uso de uma metodologia qualitativa de caráter descritivo e bibliográfico. Por fim, a pesquisa aponta que a má instrução científica básica por parte da população é um fator decisivo para adesão a ideias anticientíficas, que são potencializadas por veículos de propagação de (des)informação em massa e que pessoas de relevância no cenário nacional acabam por materializar ações e condicionar posicionamentos através de discursos negacionistas.