Plasticidade fenotípica de Croton blanchetianus Bail. (Euphorbiaceae) sob efeito da precipitação, cobertura vegetal e interação com indivíduos vizinhos

Abstract

O estudo da interação entre os traços funcionais de plantas e fatores bióticos e ambientais é capaz de responder questões sobre a estruturação de populações e comunidades. Esse estudo teve como objetivo compreender o efeito da cobertura vegetal, precipitação e interações entre vizinhos competidores na resposta funcional de Croton blanchetianus, analisando assim a plasticidade dessa espécie. Seis populações de C. blanchetinanus foram amostradas em diferentes áreas de Caatinga no estado da Paraíba, onde os seguintes traços funcionais foram mensurados: área foliar específica (AFE), conteúdo de matéria seca foliar (CMSF), espessura foliar (EF) e Diâmetro máximo de tronco. Comparações entre as populações e correlações entre os traços funcionais com os índices de precipitação e cobertura vegetal foram realizados, assim como uma análise de vizinhança entre os traços da comunidade e os traços da espécie focal. Foram percebidas diferenças entre os traços de C. blanchetianus nas parcelas demonstrando sua plasticidade, mas não foram encontradas correlações entre esses traços e precipitação e cobertura vegetal. Foi encontrada forte correlação entre o CMSF da espécie focal e todos os traços CWM, assim como entre a CWMAFE (área foliar específica da comunidade) e a EF de C. blanchetianus. Percebemos como a plasticidade dessa espécie pode ser moldada tanto por fatores bióticos quanto por fatores ambientais, onde ambientes mais degradados filtraram os traços da espécie para se tornarem mais resistentes. Os indivíduos vizinhos também foram capazes de mudar as características funcionais de C.blanchetianus, por vezes as deixando mais conservativas e por vezes mais aquisitivas, demonstrando a plasticidade da espécie. Este estudo traz pontos importantes como a utilização de espécies pioneiras na restauração de áreas degradadas, o impacto que as áreas degradadas causam nos indivíduos que lá sobrevivem e a utilização da análise de vizinhança como ferramenta para o estudo das interações entre as espécies.