A condição da mulher no ensino de Geografia: discutindo seu espaço dentro das propostas curriculares e no livro didático.

Abstract

Sabemos que historicamente as mulheres enfrentaram diversos problemas sociais que as privaram de direitos básicos, e ainda hoje sofrem com as desigualdades de gênero principalmente, violências, por exemplo, a altíssima incidência de feminicídio que são provenientes do machismo impregnado na sociedade. Diante disso, temáticas que envolvem discussões de gênero, como a inserção da mulher no mercado de trabalho, desigualdade salarial, preconceito contra o trabalho da mulher, entre outras questões, são discussões presentes nos livros didáticos na disciplina de Geografia. Ante o exposto, este trabalho tem como objetivo identificar o espaço que a mulher tem ocupado dentro das propostas curriculares no ensino de Geografia, com foco no 7° ano do ensino fundamental. Para isso, o presente estudo foi desenvolvido a partir da pesquisa bibliográfica e documental, com análise nas diretrizes que norteiam o currículo do ensino escolar, como a BNCC, PNLD e PCNs. Também foram aplicados questionários a 25 professores de Geografia através do Google Forms afim de compreender suas percepções com relação a eficácia dos livros didáticos utilizados como meio de enfretamento as desigualdades de gênero. Com este estudo, pode-se constatar que houve um recorte na BNCC nas suas propostas de ensino relacionados a mulher no currículo, que após a publicação da sua mais recente versão, extinguiu totalmente a palavra gênero de seu documento, substituindo por suposições de discussões sobre desigualdade. Além disso, pôde-se evidenciar através da análise dos livros didáticos a redução significativa de conteúdos que envolvem questões de gênero. Para mais, revelou-se a insatisfação de grande parte dos professores entrevistados com relação a suficiência das abordagens nos livros. Com base nos resultados alcançados, consideramos que a omissão do ensino gênero nas escolas, a falta de discussões e metodologias voltadas para a reduzir as desigualdades de gênero e violência contra a mulher poderá repercutir negativamente no que diz respeito aos processos de conscientização e socialização dos sujeitos do processo educativo. Assim, o presente trabalho reflete na perspectiva da intensificação concreta nas abordagens de gênero no ensino escolar, principalmente, nas séries finais do ensino fundamental, que é onde o aluno está mais suscetível a construção de identidade e valores.