O entrelaçar da espacialidade da cultura e a intolerância étnico religiosa na cidade de Mari-PB.

Abstract

A produção do espaço é um fenômeno magnífico. No entanto, ao estudarmos de que modo as cidades são edificadas, muito pouco é explorado as raízes sócioespaciais como elementos para a investigação e o entendimento das urbes. Assim, nesse estudo buscamos como objetivo geral, discutir o entrelaçamento da religiosidade com o preconceito étnico-racial sobre o qual se materializa no espaço por meio da cultura enquanto um fenômeno modelador dos espaços urbanos, de modo a usar Mari-PB como recorte geográfico, em especial os espaços de culto afro. Assim, por meio de um recorte histórico, discutimos o racismo estrutural apontado por Silvio Almeida (2022) que, nessa perspectiva de abordagem, passa a ser atribuída à pauta racial na análise da produção espacial como um de seus condicionantes. Metodologicamente, utilizamos a Fenomenologia para compreender a dinâmica da produção espacial; visando aprofundar a discussão dos seus condicionantes, na medida em que essa investigação toma forma e característica qualitativas, tendo por fundamentação e discussão a intolerância religiosa junto a segregação socioespacial sob uma abordagem etnográfica, executada por meio de pesquisa campo. Além disso, a contribuição de Rosendahl (2001, 2009) como uma das principais autoridades dentro dos estudos culturais e religiosos na Geografia, Carlos (2017, 2016, 2011) discorrendo o modo pelo qual os condicionantes constroem os espaços urbanos entre outros, foram indispensáveis para o desenvolvimento dessa discussão. Por meio da presente pesquisa, foi possível constatar que mesmo diante do quadro do país ser predominantemente negro, conforme os dados apontados no censo do IBGE 2022, o país ainda se encontra submerso em um racismo estrutural muito forte. Ao qual, por meio do estudo realizado, pôde ser observado o fenômeno de segregação socioespacial ao qual historicamente, marginaliza a população negra até no âmbito religioso, de maneira a evidenciar um racismo religioso presente na vida dos adeptos das religiões de matriz afrodescendente no país.