Acesso aos serviços de saúde bucal e ansiedade da pessoa surda frente ao atendimento odontológico

Abstract

As barreiras comunicacionais podem contribuir com o aparecimento da ansiedade odontológica no indivíduo com surdez, bem como, implicar na redução do acesso aos serviços de saúde. O objetivo deste estudo foi observar o acesso aos serviços de saúde bucal e mensurar a ansiedade de indivíduos com a condição de surdez frente ao atendimento odontológico, bem como os fatores associados. Trata-se de uma pesquisa transversal, observacional, descritiva-analítica e quantitativa, realizada com 28 adolescentes e jovens entre 11 e 25 anos, matriculados na Escola de Ensino Fundamental e Médio de Audiocomunicação Demóstenes Cunha Lima (EDAC), Campina Grande – Paraíba. Para coleta foi adaptado um formulário com três instrumentos de pesquisa: o primeiro para análise sociodemográfica, o segundo para avaliação do acesso com base no inquérito adotado na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 e o terceiro para análise da ansiedade odontológica através da Escala de Ansiedade Dental Modificada (MDAS). Os dados obtidos foram processados no programa estatístico Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 18.0, a luz da estatística descritiva e inferencial, através do Teste Exato de Fisher, com nível de significância de 5%. O estudo contou com 15 participantes do sexo masculino e 13 do sexo feminino. A média de idade encontrada foi de 17,46 anos, a maioria se tratava de alunos do Ensino Fundamental II e a maior parte morava com mais de 4 pessoas em casa. Foi relatado por 78,6% dos participantes que a deficiência auditiva teve origem desde o nascimento e a Língua Brasileira de Sinais se apresentou como a principal forma de comunicação (82,1%). Quanto à ida ao Dentista, 82,1% dos participantes relataram terem ido, dentre estes, pouco mais da metade (52,2%) havia realizado essa consulta há menos de um ano. Entretanto, apenas 17,4% utilizaram os serviços para realizar consultas preventivas, sendo o principal motivo a extração (34,8%) e a modalidade de serviço privado, a mais procurada (65,2%). No contexto da ansiedade, observou-se que 22% dos participantes se mostraram tranquilos em todas as situações descritas na escala. Entretanto, 65% foram identificados com ansiedade baixa, enquanto que 13% apresentaram uma ansiedade alta. Diante desses achados, pode-se concluir que os participantes desse estudo tiveram oportunidades de acesso aos serviços odontológicos e essa consulta ocorreu há menos de um ano, em modalidade privada. Ressalta-se que a procura por procedimentos preventivos foi bem menor se comparada à necessidade de extrações. No que concerne à ansiedade odontológica, foi observado que há presença de algum grau de ansiedade diante da consulta odontológica, conclui-se que na maioria dos participantes, principalmente nos momentos em que eles se encontram na cadeira odontológica, aguardando o profissional buscar os instrumentos e preparar a anestesia. Quanto aos resultados alcançados com a MDAS, a maioria foi identificada com ansiedade baixa. Entretanto, não foi possível estabelecer relação entre a ansiedade e faixa etária ou sexo dos indivíduos.