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O lixo, nomeado tecnicamente de resíduo sólido, destaca-se no cenário nacional e local como
um campo de trabalho e sobrevivência das camadas mais pobres (através do trabalho
autônomo de catação de resíduos desenvolvido principalmente por catadores de materiais
recicláveis, mais conhecidos por catadores de lixo) e também no acréscimo dos lucros e
redução dos gastos dos empresários. A pesquisa foi desenvolvida, através da coleta informal
de resíduos sólidos na área urbana do município de Guarabira-PB, tendo como objetivo
estudar a realidade dos catadores associando problemáticas do lixo e da exclusão social
existente na coleta informal de resíduos. As pesquisas foram realizadas durante os meses de
outubro e dezembro de 2009 a maio de 2010. A adaptação do nicho ecológico aos catadores
estudados possibilitou situar os trabalhadores em seu papel de inserção no ecossistema,
deduzindo sobre a forma de utilização do recurso e suas implicações para o ambiente. Os
procedimentos metodológicos utilizados uniram a observação e entrevistas livres com
questionários estruturados que apresentaram dados produtivos da coleta informal. As
entrevistas aos 25 catadores de lixo foram transcritas na íntegra. Nos relatos cedidos
encontram-se registrados dados da vida pessoal, das atividades de catação, das condições de
trabalho, forma de coleta, armazenamento dos materiais recicláveis até a comercialização, etc.
Enfocamos também, as condições do espaço em que atuam. Grande parte dos catadores (60%)
utilizam estratégias de coleta generalista, e assim, apresentando um nicho amplo e grande
grau de dependência de alguns tipos de resíduos, tais como plástico, alumínio, papel e metais
ferrosos. Embora imersos num processo de exclusão, os catadores ao recriarem suas histórias
e ao participarem ativamente do processo de reprodução do capital, por meio da reciclagem,
inserem-se economicamente no mercado. A contribuição da coleta informal para o mercado
de reciclagem, é da ordem de 105,3 kg/dia/por catador, e é mascarada por sua situação de
clandestinidade, pois nota-se que os ganhos embolsados pelos catadores estão nos níveis
mínimos possíveis para permitir sustento familiar. Um dos efeitos da atividade para o
ambiente é seu funcionamento como retroalimentação negativa sobre um componente (o lixo)
que causa deterioração ambiental. Acredita-se que o reconhecimento da importância social e
ambiental da coleta, bem como da saída da informalidade sejam um grande passo de mudança
no quadro de marginalização e exclusão social que os catadores estão submetidos. |
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