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O presente estudo trata do tema romance histórico na literatura portuguesa, tomando
como corpus a obra História do cerco de Lisboa (2011), de José Saramago, para uma
leitura dos elementos que promovem a subversão da História através da ficção. Nosso
principal objetivo é analisar a forma como se apresentam a ironia e a subversão da
historiografia, na reconstrução da nova história do cerco de Lisboa recriada por
Saramago. À luz das teorias sobre o romance histórico contemporâneo, buscamos
descrever, primeiramente, os aspectos que levaram a um novo conceito de romance
histórico, este, tido como uma forma de promover uma releitura da História, observando
características que o levou a ser denominado romance histórico pós-moderno, o qual
tem como principal característica a subversão dos relatos historiográficos através do uso
de uma ironia crítica. Para isso, valemo-nos dos estudos teóricos, dentre outros,
desenvolvidos por Linda Hutcheon (1989) e (1991); Maria de Fátima Marinho (1999) e
Miguel Puga (2006). Em seguida, procuramos apresentar como se constrói, nesse
romance, a ironia e como se apresenta a inversão dos fatos históricos, com base,
principalmente, no que expõe José Francisco Rodrigues de Carvalho (1998) e o cronista
Frei António Brandão (1945). Por último, abordamos os aspectos relacionados à
elaboração da personagem protagonista, como o fato de ser uma personagem à margem
da História, que se apresenta como a voz insurgente com o desejo de criar a nova
história do cerco, ou seja, a que os cruzados “não” auxiliam os portugueses na tomada
de Lisboa aos mouros. Para trabalhar especificamente as personagens, utilizamos como
principais aportes o ensaio de Walter Benjamin (1986), Silviano Santiago (2002) e
Antonio Cândido (2011). Com isso, elucidamos alguns aspectos os quais mostram
como o romance histórico contemporâneo História do cerco de Lisboa (2011) faz a sua
releitura da História. |
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