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Um assunto que vem ganhando destaque nos projetos políticos pedagógicos e instituições é a
formação de professor. As universidades, em especial os Cursos de Letras, ainda insistem em
optar pela prática do estágio, como última instância, não possibilitando formar professores
pesquisadores (PEREIRA, 2011). Ao pensar nestas observações é fundamental considerar que
toda e qualquer sociedade se expressa através da língua, tanto os textos escritos ou orais,
como suportes de interação, e que estes são organizações coletivas de vozes (MEY, 2001).
Neste sentido, o referente estudo tem como objetivo identificar a diversidade de vozes
reveladas na reflexão sobre o trabalho docente, a partir da escrita em diário de um professor
de Língua Portuguesa, tendo em vista que este profissional ao ingressar na sala de aula
carrega impregnado em seu discurso, diferentes vozes que se organizam em diversos padrões,
sejam eles de expressão e recepção, produção e reprodução, como também de opressão,
repressão e emancipação (MEY , 2001). Para tanto, foram utilizadas como método e técnica de
pesquisa metodológica, a etnografia e o método de estudo de caso. Do ponto de vista das
contribuições teóricas, foram utilizados os estudos dos seguintes autores: Bakhtin ([1992]
2010); Mey (2001); Faraco (2009); de Bronckart, (2009). Desta maneira, foram coletados
cinco diários, nos quais o professor pesquisado relata/descreve/reflete (sobre) as aula s de um
projeto que estava desenvolvendo. Assim, esta pesquisa parte de duas questões: quais as vozes
que se revelam nos diários de um professor de língua portuguesa?; Como estas vozes
influenciam em sua prática de ensino?. O resultado mostrou que as vozes se fazem presentes
no discurso do professor participante, sejam elas: de personagens, de autor empírico ou
sociais e que influenciam na ação docente. Quanto às vozes de personagens, estas se
mostraram evidentes no momento em que o professor recorria a cenas do seu trabalho para ter
o reconhecimento de seus alunos e quando estes entravam em conflito com o mesmo. Em
relação a voz de autor empírico, percebeu -se que o professor participante falava,
principalmente, dos problemas relacionados à escola e da falta de compromisso dos seus
educandos com o projeto. As vozes sociais marcam o discurso deste profissional, quando ele
faz retomadas a conceitos teóricos sobre personagens da narrativa e também ao utilizar
conceitos impregnados há muito tempo sobre o uso de uma roupa na sociedade. |
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