Promoção da saúde e intersetorialidade: a construção do cuidado ao usuário de crack, álcool e outras drogas no campo da saúde mental

Abstract

Na contemporaneidade, o temor da sociedade em relação ao uso de drogas expressa um perigo, muitas vezes de forma arbitrária, pelo que há de transgressor em tal ato. Neste sentido, essa problemática consiste, junto a outros fatores sociais, obstáculos a realização do exercício pleno da cidadania, marginalizando com isso, uma grande parcela da população. Como consequência, essa questão se tornou objeto de políticas públicas voltadas a diminuir, inibir e prevenir o uso de drogas. Desta forma, utilizando uma pesquisa exploratória, de caráter bibliográfico, se objetivou neste trabalho, a reflexão e a discussão sobre as políticas atuais em atenção ao usuário de álcool e outras drogas, fazendo aproximações com os conceitos e práticas iniciadas em décadas anteriores, mais precisamente, com os movimentos de promoção a saúde. A partir de conceitos como promoção da saúde, intersetorialidade, saúde mental e políticas públicas, tentamos construir um caminho de conexões e de interrelações, de afastamentos e de aproximações, sobre os preceitos contidos na gênese desse movimento de promoção a saúde, passando pelos movimentos da reforma sanitária e psiquiátrica e pelas políticas atuais sobre drogas. A relevância de tal pesquisa, exploratório-reflexiva, se deu a partir da observação que vários elementos presentes nas diretrizes das leis nacionais atuais sobre drogas, estavam presentes também nas considerações e definições do campo ampliado da promoção saúde em sua constituição. Com isso, fica evidente o reconhecimento da influencia de outras condições nas relações mantidas pelas pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas, nos possibilitando com isso, se distanciar de uma concepção proibicionista, jurídica e criminal por um lado, e biomédica moralista de outro. Portanto, concluímos que diante de um campo multifacetado de possibilidades de cuidado, para que uma política nacional sobre drogas possa ser consolidada na prática, se faz necessário a reflexão sobre as estratégias de promoção da saúde e também da intersetorialidade, como fundamentos indissociáveis para uma atenção integral as pessoas com sofrimento decorrente do uso de álcool e outras drogas.