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A gestão da saúde, e a hospitalar em particular, é uma das mais complexas. Quando se trata de
um hospital de urgência e emergência, é imprescindível que a gestão do hospital disponha de
dados atualizados do perfil dos pacientes atendidos por cada especialidade médica e
odontológica a fim de melhor direcionar as estratégias de atendimentos e direcionar com
efetividade o fomento dos recursos no hospital. Inserido num contexto de urgência e
emergência hospitalares, o atendimento de urgências odontológicas é responsável por uma
demanda variável entre 5% e 39% do total de atendimentos clínico-assistenciais por período
trabalhado. Todavia, a escassez de estudos de gestão em odontologia hospitalar e sobretudo o
conhecimento do perfil dos usuários desses serviços de odontologia hospitalar inseridos em
um contexto multidisciplinar ainda é um desafio para gestores e autoridades, apresentando
participação bastante incipiente nos processos decisórios sobretudo para nortear o
planejamento, a gerência, a (re) orientação das políticas de saúde e a alocação de recursos.
Baseado no exposto, esta pesquisa se propôs a traçar o perfil dos pacientes atendidos pelo
Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial do Hospital Regional Felipe Tiago
Gomes de Picuí-PB, durante o período compreendido entre janeiro de 2012 a outubro de 2014
a fim de melhorar a eficiência no processo de gestão hospitalar. O estudo foi do tipo
observacional, epidemiológico e retrospectivo, utilizando procedimento comparativo e
estatístico descritivo com método de abordagem a observação indireta, utilizando-se como
documentos a análise de 344 fichas ambulatoriais ou prontuários médico-hospitalares de todos
os pacientes portadores de lesões buco-maxilo-faciais atendidos naquela unidade hospitalar
durante o período mencionado. Com base nos resultados obtidos, concluiu-se que o gênero
masculino foi mais prevalente, em 53,5%, em relação ao feminino, com 46,5% e a faixa etária
de 21 a 30 anos (28,8%) foi a mais acometida. As lesões patológicas foram, efetivamente, o
principal agente etiológico das demandas em nosso serviço (32,6%), seguidos pelos acidentes
de trânsito (41,3%) e quedas (11,3%). A fratura do complexo zigomático-orbital foi o
diagnóstico mais prevalente dos traumatismos faciais (26,9%) e predominantemente no
gênero masculino (34%), alcançando maior índice percentual em praticamente todas as
idades, com destaque para a faixa etária de acima de 41 a 50 anos em que obtiveram o maior
predomínio (55,5%). Para o gênero feminino, os processos patológicos foram os mais
diagnosticados (43,9%), sendo mais prevalentes na faixa etária de 51 a 60 anos (41,2%).
Entre as lesões patológicas diagnosticadas, 29,6% corresponderam a tumores benignos,
destacando-se entre eles a predominância de fibromas. 5,2% das patologias corresponderam a
neoplasias, essencialmente do tipo carcinoma espinocelular, com predominância na língua. Os traumatismos faciais foram mais prevalentes no domingo (16,3%) e o período da tarde
(das 12h01 a 18h) foi o de maior ocorrência, com 24,7% dos casos. A maioria dos pacientes
vítima de acidente de trânsito (29,7%) não fizeram uso de algum E.P.I. e alegou ter ingerido
algum tipo de bebida alcoólica (22,7%), ou ter associado com alguma droga ilícita (tal como
crack, cocaína). Espera-se que de posse desses resultados, esta pesquisa possa contribuir para
melhorar a eficiência no processo de gestão hospitalar desta unidade de saúde e que sirva
como subsídio técnico para melhoria da qualidade da assistência à saúde dos usuários do
hospital através do suprimento e divulgação dos dados estatísticos sobre a prevalência das
lesões buco-maxilo-faciais, a fim de que a gestão tenha melhores condições de formular
políticas públicas de prevenção à população. |
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