Mediação internacional de conflitos e o Sul global no pós-guerra fria: o papel da GSUM/BRICS Policy Center

Abstract

A mediação internacional de conflitos ganhou maior visibilidade após a Guerra Fria, quando novos temas, como a proliferação dos conflitos intraestatais, passaram a fazer parte da agenda de segurança internacional. Corriqueiros nos países do Sul Global, os conflitos intraestatais desafiaram os mecanismos de resolução de conflitos, até então existentes, pela complexidade em solucioná-los, inflamando também as discussões teóricas sobre a mediação. Em tais discussões duas abordagens distintas se fazem presentes: a paz liberal, associada à prática dos estados ocidentais do Norte Global, e também às Nações Unidas, e a paz pós-liberal, associada ao Sul Global e aos críticos da paz liberal. Estimulado por esse cenário, o presente trabalho se propõe a analisar o papel da Unidade do Sul Global para Mediação (GSUM/BRICS Policy Center), com foco na perspectiva dos atores do Sul Global, para responder se existe um quadro de referência ou tendências comuns à prática da mediação internacional voltados para o Sul Global e, caso existam, em que se relacionam com as abordagens: liberal e pós-liberal. A discussão foi levantada a partir de uma abordagem qualitativa e análise documental da unidade de mediação do BRICS; Apontou os limites da paz liberal em explorar o caráter sócio-político heterogêneo do Sul Global; apresentou as potencialidades e críticas da abordagem da paz pós-liberal. Porém, constatou-se que a paz pós-liberal, em relação aos policy briefs do BRICS, demonstram pouca convergência e, por vezes, reproduzindo o que já vem sendo desevolvido nas atuações da ONU, baseados pela abordagem mainstream. Conclui-se levantando questionamentos sobre se realmente é possível que alguma abordagem consiga representar, de fato, o Sul Global em sua unidade.