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O objetivo desse estudo foi investigar a atividade do fenótipo de resistência a
multixenobióticos (MXR) das assembleias de peixes de dois estuários tropicais, com
diferentes graus e tipos de impacto antrópico, um estuário mais impactado, estuário do
Paraíba e um moderadamente impactado, estuário de Mamanguape, com a hipótese de
que a atividade de resistência a multixenobióticos da assembleia de peixes é um bom
indicador do status ecológico do ambiente onde esses peixes vivem. Para isso, foram
utilizados ensaios de acúmulo de rodamina B (RB), um substrato fluorescente da
glicoproteína transmembrana P (P-gp), a principal base molecular do fenótipo MXR
responsável por retirar os xenobióticos de dentro da célula. Primeiramente, foi
investigada a atividade do fenótipo MXR em diferentes tecidos da espécie chave
Atherinella brasiliensis, indicando a diferença da atividade do mecanismo em cada
tecido. Os resultados mostraram que as brânquias possuem um menor acúmulo de RB e,
portanto maior expressão do fenótipo MXR, quando comparada aos demais tecidos
analisados. Portanto, para os ensaios posteriores, foi analisado o acúmulo de RB apenas
nas brânquias dos peixes dos dois estuários. Os resultados obtidos mostraram que as
espécies possuem diferentes níveis de atividade da MXR, revelando, portanto, a
existência de uma diferença espécie-específica na atividade da MXR de peixes
submetidos a uma mesma condição. Dentre as espécies estudadas, Eucinostomus
melanopterus foi uma das que apresentou os maiores acúmulos de RB no estuário do
Paraíba, mostrando que nesse local, essa população seria mais vulnerável à poluição,
quando comparada com as demais analisadas. Diferente disso, o baicu, Sphoeroides
testudineus apresentou um dos menores acúmulos de RB nos dois estuários. Isso pode
estar ligado diretamente a fatores evolutivos e/ou ao seu hábito bentônico. Algumas
outras espécies de mesmo hábito mostraram o mesmo resultado, contribuindo assim
para sustentar a hipótese de que o hábito do peixe na coluna d’água influencia na
atividade MXR. Com isso, o presente estudo fornece uma melhor compreensão da
atividade MXR das assembleias de peixes de dois estuários tropicais, utilizando o
potencial desse mecanismo para avaliar a qualidade ambiental de cada estuário,
revelando quais espécies seriam mais vulneráveis e quais seriam mais resistentes à
poluição nesses locais. Essas análises são inéditas para peixes estuarinos, sendo assim,
relevantes para o melhor entendimento da fisiologia das espécies e da qualidade do
ambiente em que vivem. |
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