Resumo:
A geografia é uma ciência que estuda, entre outros fatores, as relações entre espaço e cultura. Neste caso, nosso trabalho tem o objetivo de revelar a geografia nos processos culturais para, assim, explicar as contradições socioterritoriais ocorridas no sertão do Nordeste brasileiro no final do século XIX e início do século XX. O destaque de nossa pesquisa é para o movimento cangaço que construiu o território de Lampião e desenvolveu diversos processos geográficos como territorialização, desterriorialização e reterritorialização. Todavia, faremos uma análise social para caracterizar, e mesmo entender, o fenômeno cangaço enquanto categoria de banditismo social. Nossa pesquisa é de caráter bibliográfico-documental (à luz da literatura da metodologia científica), visto que devemos identificar as informações e selecionar as fontes pertinentes ao tema estudado para proceder às respectivas anotações das referências utilizadas. Para a construção textual usamos como aporte, leituras bibliográfico-documentais de livros, revistas e artigos científicos. A partir deste momento nos subsidiamos nas ideais da geografia cultural de Paul Claval (1999, 2001 e 2002), das múltiplas concepções de território (s) de Roberto Lobato Corrêa (2007), Rogério Haesbeart (2004, 2005, 2006 e 2007), Milton Santos (1988, 2002 e 2008) e Claude Raffestin (1993), nas descrições do banditismo social de Eric Hobsbawm (1975), e, no sentido do cangaceirismo, nos embasamos em autores como Frederico Pernambucano de Melo (1978), Rui Facó (1978) e José Américo de Almeida (1977), assim como outros autores que fazem referência ao cangaço, a geografia cultural e mesmo a idéia de território e territorialidades. O estudo nos permitiu verificar que na construção da geografia do cangaço os processos que engendram a marginalidade das ações do cangaceiro no espaço ficam por conta das condições socioculturais em que suas vidas foram inseridas. A partir de tais constatações percebemos que o movimento cangaço transcendeu a questão física do território, uma vez que os cangaceiros tinham uma forma de identidade afetiva, específica, pela caatinga como local de apropriação, de territorialidade, mesmo que inconscientemente percebida. Entretanto, os paradigmas temporais da relação homem-sociedade-natureza, sob a ótica da geografia cultural, nos fez organizar conceitos e priorizar determinados valores e atitudes para uma abordagem mais compreensiva das diversas manifestações do homem no espaço, na construção social, com suas respectivas flexibilidades e conflitualidades. Como foi o caso do cangaceirismo do sertão. Os cangaceiros são vistos, hoje, como símbolos de uma época. Representaram heróis/bandidos, com toda complexidade da situação econômico-social.
Descrição:
BARROS, J. S. de. A geografia do cangaço: o território de Lampião expresso pela Geografia Cultural. 2010. 45f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Geografia e Território: Planejamento Urbano, Rural e Ambiental)- Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2010.