Afeto como fruto na representatividade do Baobá: leitura do conto O embondeiro que sonhava pássaros de Mia Couto

Abstract

A partir de um diálogo entre História e Literatura, o trabalho a seguir tem como objetivo identificar as formas de representação do baobá e os afetos ligados a ele, na obra literária do escritor moçambicano Mia Couto, O embondeiro que sonhava pássaros (2013), que é envolta por valores socioculturais de Moçambique. Para tanto, partiremos de uma análise histórica dos aspectos colonizadores presentes no enredo da obra, identificando as bases nas quais se formaram os pensamentos colonialistas que construíram uma imagem inferiorizante dos povos nativos do continente africano, como também das marcas deixadas pela independência tardia de Moçambique, aspecto que também permeia o contexto da obra. Sabe-se que o baobá é sacralizado pela relação com o sagrado e por sua ancestralidade, assim, explanaremos as forças das quais a árvore é possuidora. Faremos uma breve análise da simbologia que envolve as palavras, e que confere significados a elas. Entende-se a necessidade do afeto para a construção escrita, existindo a visualização do ato de sentir como necessário para a construção historiográfica, que sempre parte de um lugar social de fala.