Resumo:
"Malinchista" é o termo utilizado no México para se referir a alguém que prefere o estrangeiro em detrimento
o nacional. Tal vocábulo deriva de Malinche que, de acordo com os discursos nacionalistas, é considerada uma traidora. Fruto ficcional e de reconstrução histórica, o romance Malinche (2006), de Laura Esquivel, faz uma releitura do mito dessa personagem, a escrava índia que serviu de intérprete e amante de Hernán Cortés durante a Conquista do México. De cunho literário e dialogando com um arcabouço teórico baseado nos estudos culturais e decoloniais, o presente trabalho tem como objetivo refletir sobre como na escritura do romance a autora Esquivel desmascara os mitos criados em relação a essa figura feminina ao longo da história e sobre os quais se construiu a ideia de ―nação‖ no México. Para nossa análise, utilizamos como suporte teórico autores como Tzvetan Todorov (2010) e Walter Mignolo (2007), que abordam questões relativas à conquista e construção da ideia de América Latina: Benedict Anderson (1993) e Doris Sommer (2004) que tratam de temas relacionados à ideia de construção nacional e dos romances fundacionais e, por fim, Linda Hutcheon (1991) que reflete sobre as metaficções historiográficas. Esses autores serviram de suporte para análise das representações de Malinche em diferentes períodos históricos: colonial, moderno e pós-moderno. Como possível hipótese, dissertamos que esse romance configura-se como um tipo de ficção anti-fundacional, pois revisita o passado, problematiza os discursos oficiais e oportuniza ao leitor uma ótica voltada à mulher e ao marginalizado.
Descrição:
NEVES, J. S. Malinche, de Laura Esquivel: um romance de anti-fundação. 2019. 62f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Estudos Linguísticos e Literários) - Universidade Estadual da Paraíba, Monteiro, 2019.