Resumo:
Praias arenosas são ambientes costeiros dinâmicos suscetíveis a atividades antrópicas que potencialmente afetam as comunidades bentônicas. Dentre os organismos bentônicos que respondem a perturbações antrópicas nesses ambientes, sendo considerado bioindicador, Emerita portoricensis é um crustáceo distribuído na costa do norte e nordeste do Brasil. Este capítulo aborda a estrutura populacional de E. portoricensis em duas praias da Paraíba sob níveis distintos de perturbação antrópica (fluxo de pessoas): Barra de Camaratuba (baixo fluxo de pessoas - menor perturbação) e Intermares (alto fluxo - maior perturbação). Os dados foram coletados utilizando transectos paralelos à linha da costa e um corer metálico, durante marés vazantes de sizígia, no período seco e chuvoso. Simultaneamente, foi contabilizado o fluxo de pessoas, através de censo visual. Foram analisados os seguintes parâmetros: variação morfológica, densidade, abundância, proporção e razão sexual, fecundidade, entre os períodos seco e chuvoso. Emerita portoricensis apresentou maior abundância na praia menos perturbada (B. Camaratuba: n = 171; Intermares: n = 81). A maioria dos espécimes era adulta em ambas as áreas (56,72% em B. Camaratuba; 75,30% em Intermares). Foi encontrado maior fluxo de pessoas em Intermares (período seco: 2,1 ± 0,07; período chuvoso: 1,9 ± 0,03). Observou-se dimorfismo sexual no tamanho e peso de E. portoricensis em ambas as praias (as fêmeas foram maiores e com maior peso). A praia de B. de Camaratuba (baixo fluxo de pessoas) apresentou maior densidade de E. portoricensis do que Intermares (alto fluxo) durante o período seco. Os adultos apresentaram maior densidade que os jovens nas duas praias (B. de Camaratuba: 0,15 ±, 0,08 indivíduos/m2; Intermares 0,6 ±, 0,04 indivíduos/m2) bem como os machos espermatóforos em B. de Camaratuba (U, P<0,005). Os machos mostraram-se mais abundantes que as fêmeas nas duas praias (U, P<0,005). Emerita portoricensis apresentou maior razão sexual em Barra de Camaratuba (1,1:1) do que em Intermares (0,8:1). As fêmeas de E. portoricenses de B. de Camaratuba apresentaram correlação positiva entre a massa de ovos com comprimento e peso, denotando fêmeas maiores e de maior peso possuem a tendência a produzir mais ovos. As menores densidade, abundância e fecundidade registrada em Intermares podem ser reflexo do fluxo de pessoas na praia, resultando assim em alterações na distribuição populacional.
Descrição:
LIMA, O. G. de. Ecologia populacional e parâmetros fisiológicos de Emerita portoricensis Schimitt, 1935 (Crustacea, Hippidae) de ambientes costeiros da Paraíba. 2018. 73f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Estadual da Paraíba, João Pessoa, 2018. [Monografia]