Resumo:
A terapia anticoagulante oral é utilizada na prevenção e tratamento de doenças tromboembólicas. Embora uma exodontia seja considerada um procedimento cirúrgico menor, a terapia anticoagulante pode gerar um risco de sangramento excessivo. O cirurgião-dentista deve estar familiarizado com as doenças e condições que necessitem modificar o sistema de coagulação e com os testes laboratoriais utilizados para se avaliar a situação das mesmas. Pacientes que fazem uso de anticoagulante oral tem o índice normalizado internacional (International Normalized Ratio-INR) como instrumento de monitorização de sua coagulação. O teste de INR consiste na relação entre o tempo de protrombina (TP) e um valor padrão do mesmo, refletindo assim, o tempo relativamente necessário para coagulação sanguínea. O nível terapêutico de INR para uma anticoagulação eficaz e segura, para a maioria das indicações, está no intervalo de 2,0 a 3,0. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão de literatura, com intuito de verificar a influência da utilização da terapia anticoagulante oral em procedimentos cirúrgicos odontológicos ambulatoriais, quanto ao risco de eventos hemorrágicos. Para isto, foi realizada uma busca de artigos disponíveis com texto completo, na base de dados Pubmed, referentes ao uso da terapia anticoagulante durante a cirurgia oral. Foram selecionados então, 17 artigos que preencheram os critérios de inclusão. Destes, a maioria foi estudo de coorte (n=15, 88,2%), e dos últimos cinco anos (n=10, 58,8%), citando principalmente a varfarina (n=14, 82,4%) como terapia anticoagulante utilizada. Pode-se concluir que os novos anticoagulantes orais disponíveis no mercado (Apixabana, Rivaroxabana e Dabigatran) apresentam eficácia e segurança de uso semelhante à da varfarina. Além disso, em pacientes que fazem uso de anticoagulantes orais, não há necessidade de interrupção do uso desta terapia, desde que o paciente se encontre no INR terapêutico (3,0) e que se faça uso de medidas hemostáticas locais eficazes, como realização de suturas, compressas de gaze seca ou embebida com ácido tranexâmico e esponja de fibrina. Casos excepcionais, como pacientes com comorbidades como diabetes, insuficiência renal ou doença hepática que façam uso de anticoagulantes e com necessidade de cirurgias múltiplas, em região molar, com necessidade de osteotomias, devem ser avaliados criteriosamente, sendo necessário o aval de um médico especialista, para o acompanhamento da capacidade hemodinâmica dos mesmos.
Descrição:
ANDRADE, Pedro Augusto Batista. Influência da terapia anticoagulante oral
na cirurgia odontológica. 2018. 33 p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Odontologia)- Universidade Estadual da Paraíba, Araruna, 2018.