As representações geográficas na literatura nordestina: enfoques na obra "Vidas Secas" de Graciliano Ramos

Abstract

O presente trabalho tem como foco principal analisar o espaço geográfico através da obra do autor alagoano Graciliano Ramos, em “Vidas Secas”, criando assim uma relação interdisciplinar entre a Geografia e a Literatura regionalista brasileira. O cenário principal da obra é o sertão nordestino, onde uma família de retirante, tenta sobreviver a todo custo da fome, miséria e descaso social. A Geografia Cultural nos deu o suporte teórico e metodológico para a sistematização das idéias que entram na história para analisar e mostrar ao leitor que é possível conhecer a realidade dos nordestinos que habitam os sertões mesmo sem nunca ter ido a esta região, sabendo que as condições climáticas, tais como a falta de chuva, a seca, a desumanização e as desigualdades socioeconômicas, interferem diretamente na maioria das pessoas que vivem e trabalham no Sertão Nordestino. Além de Ramos (ano) como referencial principal e como objeto da pesquisa, bem como, outros autores como: Corrêa (1995). Como afirma Castro (1946), existe uma “Geografia da Fome”, para além da ficção literária. O interesse pela analise geográfica de uma obra literária se deu pelo fato de ela demonstrar com riquezas de detalhes que a miséria tratada na obra não é apenas a provocada pela seca, mas também a miséria imposta pela concentração de poder e riquezas que geram profundas desigualdades socioeconômicas e de oportunidades.