Manifestações sistêmicas, erupção dentária e defeitos de esmalte em crianças com a síndrome congênita do zika vírus: uma série de casos

Abstract

Objetivo: Descrever as manifestações sistêmicas, as caraterísticas relacionadas à erupção dentária e à ocorrência de defeitos de esmalte em crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZ). Metodologia: Série de casos, prospectiva, baseada em nove crianças com diagnóstico confirmado de SCZ, assistidas em um centro de referência de um município da região Nordeste do Brasil. Por meio de uma entrevista estruturada direcionada às mães, foram coletadas informações relacionadas ao período pré-natal, parto e pós-parto. O acompanhamento da erupção dentária foi realizado por meio de exames clínicos, por um período de 36 meses. O índice de defeitos de desenvolvimento do esmalte modificado (DDE) foi empregado para a identificação de opacidades e hipoplasia. Os dados foram apresentados por meio da estatística descritiva. Resultados: Uma elevada parcela (77,8%) apresentava microcefalia e 55,5% tinham baixo peso ao nascer. Desordens musculoesqueléticas, dificuldade de deglutição e prática de autoinjúria estiveram presentes em todas as crianças. Dentre os achados sistêmicos, o comprometimento visual (77,8%) e as crises convulsivas (77,8%) foram amplamente reportados. No que se refere às desordens relacionadas ao sistema estomatognático, estiveram presentes o bruxismo (66,7%) e a dificuldade de sucção (33,3%). Para a maioria das crianças (77,8%), o incisivo central inferior direito decíduo foi o primeiro dente a irromper (mínimo de 8 meses e máximo de 17 meses). Defeitos de esmalte foram diagnosticados em apenas duas crianças (22,2%). Conclusão: Um amplo espectro de manifestações sistêmicas foi observado nas crianças com SCZ, incluindo comprometimento visual e desordens musculoesqueléticas. Houve retardo de erupção para o primeiro dente decíduo. Os defeitos de esmalte estavam presentes em pequena proporção.