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O movimento motor voluntário está largamente sob o controle do trato
corticoespinhal, suas fibras fazem sinapse com o neurônio motor inferior que tem
parte de seus corpos celulares no corno anterior da medula espinhal formando os
neurônios motores somáticos. É frequentemente observada uma ruptura na
transmissão do trato corticoespinhal e uma alteração na distribuição de suas
saídas para os neurônios motores somáticos após a lesão medular. A Estimulação
Magnética Transcraniana repetitiva (EMTr) tem se mostrado uma ferramenta de
neuromodulação capaz de alterar a excitabilidade cortical, e portanto, a saída das
vias corticoespinhais e essa redução de inibição corticoespinhal pode gerar
ganhos motores em indivíduos com Lesão Medular Incompleta (LMI). Portanto, o
presente trabalho tem o objetivo de verificar as alterações na excitabilidade
corticoespinhal geradas pela EMTr, e avaliar possíveis melhorias no grau de força
muscular dos membros inferiores (MMII), na velocidade e no ciclo da marcha de
indivíduos com LMI que ainda possuem alguma capacidade deambulatória. Foram
recrutados indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 18-65 anos e com
diagnóstico de lesão medular. Inicialmente foi aplicado o questionário padrão para
triagem de candidatos a EMT com intuito de rastrear contraindicação absoluta ou
relativa, no entanto nenhum candidato apresentou contraindicação absoluta. Dos
40 candidatos recrutados 8 recusaram participar do estudo e 12 apresentaram
critérios de exclusão (figura 1). Os 20 candidatos restantes receberam a aplicação
do exame clínico neurológico padronizado da American Spinal Injury Association
(ASIA) e apenas 5 apresentaram LMI, no entanto houve perda de 1 indivíduo
resultando em uma amostra n=4. Foi avaliado o grau de força muscular (escore
motor para MMII da escala ASIA), os dispositivos auxiliares de marcha usados
(WISCI II), a velocidade (10MWT) e ciclo da marcha (SCI-FAI) antes e após as
intervenções. Os indivíduos incluídos foram submetidos a 15 sessões de EMTr 3
vezes por semana com frequência de 5Hz a 100% do limiar motor, contando com
9 trens de 8 segundos, resultando em 40 pulsos por trem, com intervalos de 28
segundos, totalizando por sessão, 360 pulsos e duração total de 324 segundos.
Para todos os participantes, houve uma flutuação do limiar motor acompanhada
de uma diminuição gradativa nos valores. Os parâmetros no SCI-FAI
permaneceram os mesmos, exceto para um dos participantes, e não houve diferença para os níveis no WISCI II. Foi evidenciada diminuição no escore motor
para MMII da escala ASIA que pode estar relacionada com a redução de
assiduidade em exercícios ou com fadiga produzida pelo deslocamento para
realização das sessões. Em geral, para o 10MWT houve diminuição de velocidade
própria e aumento de velocidade máxima. Mediante os resultados concluímos que
a EMTr foi capaz de gerar aumento na excitabilidade corticoespinhal, no entanto
são necessários mais estudos usando uma maior frequência e com duração total
mais elevada de aplicação para mensurar se as alterações geradas pela EMTr
podem produzir ganhos motores. |
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